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'Praia do Futuro', com Wagner Moura, estreia em Berlim
Novo longa do diretor Karim Aïnouz foi recebido sem aplausos na sessão para imprensa e júri do festival
Para cineasta, o fato de três dos quatro filmes brasileiros no festival terem temática homossexual é avanço
O novo filme do diretor brasileiro Karim Aïnouz, "Praia do Futuro", estreou ontem na Berlinale. A coprodução entre Brasil e Alemanha concorre ao Urso de Ouro na principal mostra competitiva do festival de cinema de Berlim.
A sessão para a imprensa teve uma recepção morna, sem aplausos, e foi acompanhada pelo júri internacional do evento.
A história do longa é centrada em Donato (Wagner Moura), um salva-vidas na Praia do Futuro, em Fortaleza. Durante um salvamento, Donato conhece Konrad, interpretado pelo ator alemão Clemens Schick.
Os dois começam um relacionamento e seguem para Berlim, onde Donato perde o contato com a família no Brasil. Anos depois, o irmão mais novo do salva-vidas brasileiro, Ayrton (Jesuíta Barbosa) chega à capital alemã em busca do irmão.
O filme é marcado por cenas fortes de sexo entre o salva-vidas e o alemão.
Moura, porém, tentou diminuir a importância do relacionamento do casal na trama. "Reduzir a discussão a apenas isso não seria justo com o filme", disse Moura à Folha. "Se o personagem do Clemens fosse mulher, não estaríamos discutindo isso."
Aïnouz não sabe como o longa será recebido no Brasil --a estreia está prevista para 1º de maio. "Para ser sincero, isso nem me importa. Este é um filme que vai promover um debate e só isso já é maravilhoso", afirmou o diretor.
Questionado sobre a questão da homofobia hoje no Brasil, Aïnouz disse considerar um avanço que, dos quatro filmes nacionais desta edição da Berlinale, três tratem da temática homossexual --"Praia do Futuro", "Castanha" e "Hoje Eu Quero Voltar Sozinho".
CATEDRAIS DA CULTURA
Hoje, Aïnouz exibe mais um trabalho no festival alemão. Ele dirigiu o episódio sobre o centro Georges Pompidou, em Paris, que faz parte do projeto "Catedrais da Cultura", organizado pelo diretor alemão Wim Wenders.
A série, que faz uso da tecnologia 3D para retratar construções emblemáticas, busca respostas à pergunta: "Se prédios pudessem falar, o que eles diriam sobre nós?".
Além do cineasta brasileiro, também fazem parte do projeto de Wenders nomes como Robert Redford e Margreth Olin.