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Análise

Novato corre risco de se tornar vítima da própria armadilha

SILAS MARTÍ DE SÃO PAULO

Muito antes de inventar seus 50 artistas, Bruno Moreschi também se reinventou num projeto pessoal radical. Ex-jornalista que perfilou vários autores nas páginas das revistas "Bravo!" e "Piauí", Moreschi sempre investigou o que fazia deles um artista --e agora tenta pôr em prática tudo aquilo que aprendeu.

Novato nesse mundo, decidiu trilhar uma das rotas mais arriscadas. Inventando uma porção de artistas nascidos dos clichês mais arraigados na arte contemporânea, Moreschi adentra o campo da crítica institucional, movimento que surgiu nos anos 1960 e se sagrou sabotando por dentro o mundinho da arte e que, por isso, tinha chances mínimas de êxito.

Seu maior risco é resvalar no vazio, criticando um sistema fechado ao público. Ou seja, arrisca ter zero impacto sobre gente comum que não entende os códigos de um mercado exclusivo como o das artes visuais, de curadores e críticos que vivem entre uma capital da moda e outra e de artistas que disputam espaço em bienais e editais.

Moreschi, agora, é um deles. E sabe disso. Seu projeto, ao mesmo tempo hilário e eloquente, é fruto de um processo exaustivo que joga luz sobre o choque de egos balofos --os da crítica aí incluída-- que dita os passos de um sistema cada vez mais voraz.

Não é a primeira vez que um artista inventa outro artista ou recorre à provocação como trunfo maior do que as qualidades estéticas de uma obra. Moreschi dá a cara a tapa, mas corre o risco --louvável-- de ser vítima de sua própria armadilha conceitual.


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