Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Foco

Musa da pornochanchada se aventura na onda do 'stand up'

ISABELA PALHARES DE RIBEIRÃO PRETO

Três décadas após sua última participação numa pornochanchada, Zilda Mayo, 61 anos e mais de 40 filmes no currículo, diz ainda ser confundida com atriz pornô e enfrentar o preconceito.

Em vez de intimidá-la, a convivência com esse rótulo animou-a a criar um espetáculo de "stand up", abordando tabus e fantasias sexuais.

Foram seis apresentações desde 2013 na região de Araraquara, sua cidade natal. Agora, ela tenta patrocínio para continuar no palco.

Nos espetáculos, para público cheio de conterrâneos, a atriz se contorce, agacha, levanta as pernas para o alto. "Brinco com aquilo que as pessoas acham que todos têm que fazer na cama", diz.

As piadas incluem chavões sobre diferenças entre homens e mulheres, como o fato de elas enfrentarem sem dó agruras como a depilação, enquanto eles mal aguentam uma unha encravada.

"Queria ver se tivesse a sacografia, se eles ficassem com o coiso' preso igual a gente fica com os seios [na mamografia]", diz, no espetáculo.

O público, para ela, gosta de ouvir falar de sexo, sobretudo com palavrões. "Mas tem que ser bem usado, para não ficar vulgar. Um palavrão bem colocado, com a entonação certa, faz a diferença numa comédia", acredita.

Zilda fez sucesso nos anos 1970 como "musa da pornochanchada". Para ela, o preconceito resulta da ignorância de quem confunde o formato com pornografia.

"Eram produções com erotismo e nudez, mas sem sexo explícito. Há 30 anos explico a diferença. Deveria ficar com um megafone o dia todo, gritando: Não fiz sexo explícito no cinema, não fiz pornô!"

Zilda diz que, de encontros com fãs, surgem situações cômicas. "O cara fala que me conhece de filmes pornôs e diz: Você era tão gostosa'. Era? Não sou mais?"

A estreia aconteceu com uma ponta na pornochanchada "Ninguém Segura Essas Mulheres" (1976), em episódio dirigido por José Miziara.

A partir daí, Zilda emendou um filme no outro e cresceu como estrela da Boca do Lixo. Até o fim dos anos 1980, atuou em produções como "As Safadas" (1982) e "As Mil e Uma Posições" (1985).

"Era gostoso, mas eu tinha pouca orientação."

A atriz chegou a participar de dez longas num ano, mas ganhava pouco. "Agora faço teatro por amar o palco, mas também por necessidade."

Hoje, sem plástica, botox nem lipoaspiração, segundo diz, sonha em posar nua novamente, "para mostrar como é uma mulher natural". "Na minha época não tinha retoque em fotos. Poucas mulheres têm barriga sequinha e pernas sem estrias nem celulite como as minhas."


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página