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Crítica - Drama

Câmera instável no filme 'Instinto Materno' põe em risco boa atuação

PEDRO BUTCHER COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O roteiro de "Instinto Materno" traz a assinatura de Razvan Radulescu, que está por trás de dois filmes de destaque do cinema romeno contemporâneo: "A Morte do Sr. Lazarescu", de Cristi Puiu (2005), e "4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias", de Cristian Mungiu (Palma de Ouro do Festival de Cannes em 2007).

Radulescu se confirma, aqui, um roteirista que procura construir uma dramaturgia pautada por críticas ferinas à sociedade romena, aplicáveis a várias outras sociedades, sem abrir mão da densidade de seus personagens.

O que detona a trama é o atropelamento de um garoto de 14 anos, de família pobre, por um homem de cerca de 40 anos, de família rica.

(Curiosamente, o filme turco "3 Macacos", de Nuri Bilge Ceylan, de 2008, adota um ponto de partida parecido para fazer críticas semelhantes à sociedade turca.)

O filme concentra-se na personagem de Cornelia, a mãe do atropelador (a incrível Luminita Gheorghiu), e suas manobras para livrar o filho da Justiça. Paralelamente ao comentário da diferença de tratamento de ricos e pobres pelas instâncias oficiais romenas, Radulescu sublinha aspectos psicológicos e esmiúça os efeitos de um amor materno doentio.

"Instinto Materno", no entanto, não consegue alcançar um décimo do impacto de "A Morte do Sr. Lazarescu". Os dois trabalham em um mesmo registro (a busca por um naturalismo radical), mas, aqui, o diretor Calin Peter Netzer e o fotógrafo Andrei Butica colocam todo o fardo dessa busca em uma "câmera na mão" que faz questão de chamar a atenção, quando a boa câmera na mão quase não se faz notar.

O resultado é uma imagem eternamente instável, marcada pela falta de talento para enquadrar os atores --que, por muito pouco, não tiveram seu trabalho (de alta qualidade) totalmente desperdiçado.


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