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Presos em um tabuleiro, atores recontam o mito de Prometeu

Peça turca está no programa da Mostra Internacional de Teatro

DE SÃO PAULO

Prometeu rouba o fogo do Olimpo e cria com ele a humanidade, diferenciando-a entre os animais. Zeus fica irado e prende Prometeu a uma rocha. Uma águia, diariamente, come o fígado do coitado, que se regenera.

A mitologia na Antiguidade criou assim uma espécie de símbolo sobre a consciência, a rebeldia, a capacidade de contestação: aquele que dá a luz sofre as consequências na mesma medida em que ilumina novos caminhos.

A figura de Prometeu só tem algo a ver com o espetáculo "Anti-Prometeu", da diretora turca Sahika Tekand, porque serve como uma espécie de antítese aos tempos modernos, ela conta.

O espetáculo fica em cartaz de hoje a sexta-feira, no Sesc Santana, dentro da Mostra Internacional de Teatro (MITsp), que prossegue até domingo.

Tekand acha que Prometeu não tem mais lugar no século 21. "O mito representa tudo o que o homem contemporâneo perdeu, especialmente a capacidade de reflexão para mudar seu mundo."

Essa leitura deriva de uma ideia que o autor francês Albert Camus (1913-1960) propôs em seu texto "Prometheus in Hell". "Se Prometeu voltasse hoje", diz Tekand, citando Camus, "o homem o trataria como os deuses fizeram tempos atrás, prendendo-o a uma rocha."

Há, na peça, um texto fragmentado que faz referências ao mito, mas o substrato do trabalho se concentra em outros aspectos formais.

Há uma estrutura com lâmpadas fluorescentes. Sobre o piso, um tabuleiro está desenhado. Uma grade delimita um jogo a ser realizado por um time de seis atores.

A atuação deles é determinada pela luz, principalmente. Quando um quadrado se apaga, por exemplo, um ator se cala. Assim, o espetáculo de Tekand vai criando não uma representação, mas uma nova realidade, ela diz.

"A ação sobre o palco não imita a vida, mas cria uma nova linguagem de movimentação, delimitada por condições compulsórias", explica.

"Isso permite uma nova e verdadeira relação entre a área de atuação e a plateia, que tem como necessidade acreditar em tudo o que toma lugar em cena", explica.

Além de "Anti-Prometeu", a MITsp apresenta ainda hoje a peça "Bem-Vindo à Casa", do uruguaio Roberto Suárez, que ganhou sessões extras no Tusp por causa da demanda.


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