Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Rio recebe as obras hiper-realistas do artista Ron Mueck

Esculturas do australiano retratam cenas do cotidiano e surpreendem por dimensões e expressões faciais

Nove obras poderão ser vistas a partir de amanhã no Museu de Arte Moderna; exposição vai até junho

FABIO BRISOLLA DO RIO

Uma escultura de uma mulher com as sacolas de compras vem sendo a peça que mais desperta a atenção do público na exposição "Ron Mueck", promovida pela Fundação Cartier, que chega ao Rio amanhã, no Museu de Arte Moderna, após passar por Paris e Buenos Aires.

Além das sacolas, a mulher, vestida com um sobretudo, carrega um bebê. E, enquanto é observada pela criança, ela direciona seu olhar para outra direção. O rosto da personagem é expressivo, com rugas e olheiras que sinalizam cansaço.

É o hiper-realismo das esculturas do artista australiano Ron Mueck que impressiona os visitantes --mais de 400 mil na primeira escala desta mostra, em Paris, no início do ano passado, e cerca de 170 mil em Buenos Aires.

São nove esculturas que contrastam pela discrepância na proporção de cada uma. Sentada, a idosa, em traje de banho e sob um guarda-sol, mede mais de dois metros de altura. O homem, deitado em seu colo, mantém dimensões semelhantes.

Já a mulher que traz o bebê dentro do sobretudo tem 113 centímetros de altura.

Mueck não justifica suas escolhas, nem fala sobre suas motivações na criação de cada peça. Seguindo o padrão de Paris e Buenos Aires, cada obra exposta no MAM terá uma ficha de identificação com informações básicas como título e ano de produção.

"Mueck não considera necessário contar a história da obra. Para ele, mais importante é o que o espectador sente ao ver a escultura", disse Charles Clarke, assistente do artista, que coordenou a montagem das peças no MAM. Mueck não veio ao Brasil.

Faz parte da exposição um documentário sobre o processo de produção do australiano, que mora em Londres.

Em seu estúdio, ele usa, por exemplo, materiais como fibra de vidro e silicone para reproduzir a textura da pele dos personagens. Mueck desenvolveu algumas técnicas no período em que trabalhou com a produção de efeitos especiais para a indústria do cinema nos anos 1980.

Na década seguinte, ele iniciou sua incursão na arte. Sua produção ao longo da carreira se resume a 40 esculturas, aproximadamente.

"Nove peças em uma exposição poderia ser considerado pouco. Mas, no caso de Mueck, representa quase um quarto da obra", disse Grazia Quaroni, curadora da mostra.

A serviço da Fundação Cartier, ela mantém contato direto com Mueck --a ponto de saber a história que levou à criação da escultura da mulher com as sacolas de compras.

"Ele viu esta cena quando andava pela rua e fez um desenho com a imagem da mãe sendo observada pelo bebê. Em outra ocasião, ele encontrou outra mulher na rua, na mesma situação. A partir daí decidiu criar uma obra para registrar aquele momento", contou Grazia.

De acordo com a curadora, a mulher retratada não existe, de fato: "Mas a cena captada por ele faz parte do nosso cotidiano".


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página