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Crítica - Documentário

Obra tenta retratar a militante de esquerda Iara a partir de depoimentos, mas fracassa

INÁCIO ARAUJO CRÍTICO DA FOLHA

O título "Em Busca de Iara" indica as duas questões centrais do documentário de Flavio Frederico e Mariana Pamplona: 1. Quem foi Iara Iavelberg?; 2. Como, efetivamente, se deu sua morte?

A busca se dá ao longo de uma série de entrevistas com familiares, contemporâneos da guerrilha e uma ou outra pessoa menos implicada diretamente com Iara e, ao final, revela-se tão frustrante quanto, digamos, a que empreendem os jornalistas de "Cidadão Kane". Mas, fique claro, "Iara" não é "Kane".

Talvez uma parte da responsabilidade se deva ao seu tema. Iara morreu em 1971, aos 27 anos. Dedicou boa parte de sua vida à atividade política clandestina. Assim, não é de espantar que a maior parte dos entrevistados tenha a dizer apenas o óbvio: era bonita, inteligente, fascinante etc.

Colegas de guerrilha estão mais empenhados em recordar os velhos tempos de maneira anedótica. Um ou outro recorda de maneira vaga sua relação amorosa com Iara. Ex-clandestinos continuam, de certa forma, clandestinos. E familiares têm a lembrança de qualquer família (a roteirista Mariana é sobrinha dela, embora não a tenha conhecido).

A segunda questão, que diz respeito ao suicídio ou não de Iara, parece resolvida, embora seja interessante ver a demonstração de um legista sobre porque é implausível a hipótese de suicídio.

O que o filme tem de frustrante para o espectador, no entanto, vem sobretudo do fato de passar ao largo do essencial: um documentário dessa natureza só chega a ser significativo se consegue produzir uma visão sobre um momento determinado.

O depoimento (infelizmente fugaz) do filósofo e ex-exilado Quartim de Moraes é o único a dar uma dimensão do que significou para os guerrilheiros, politica e existencialmente, a adesão à clandestinidade.


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