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Eliane Brum revê relação com a escrita em texto autobiográfico

'Meus Desacontecimentos' traça história desde a infância da autora

FERNANDA REIS DE SÃO PAULO

Ao fazer um reportagem, Eliane Brum foi agarrada pelos braços por uma menina boliviana com doença de Chagas que lhe pediu para que não a deixasse morrer. A jornalista entrou em crise: se contar a história da criança não salvaria sua vida, de que valia escrevê-la? Começou, então, a se interrogar sobre os sentidos da palavra.

O resultado foi o livro "Meus Desacontecimentos", no qual percorre sua trajetória desde a infância, mostrando que a escrita a tirou da escuridão em que vivia, numa casa enlutada por sua irmã, morta antes de ela nascer.

Um dia, ao ver a empregada chorando por causa de uma novela de rádio, percebeu o poder de uma história contada e descobriu que gostava de escutar e escrever.

"A presença asfixiante da morte, que assinalava o cotidiano da minha família, só vai virar uma marca que me permite viver a partir da entrada da palavra escrita", diz.

Ao recontar sua relação com o ofício, Eliane --que participará da cobertura da Folha da Copa do Mundo-- relembra casos da família. As mulheres, em especial, ganham destaque na narrativa.

Nem todos os personagens leram o livro ainda. "Minha filha, por exemplo, acha que o livro tira as mulheres da família do lugar passivo que tinham nas versões mais correntes da crônica familiar e as instala no papel de protagonistas", diz.

Contar histórias tão pessoais foi desestabilizador. "Precisei interromper várias vezes a escrita para deixar as coisas se assentarem dentro de mim antes de poder continuar. Mas a parte mais difícil é agora, com a publicação."

Eliane conta que, ao reler a obra pela primeira vez depois de impressa, descobriu um erro de finalização. "Alguém suprimiu cerca de duas linhas, o que torna um parágrafo incompreensível. Estou imensamente triste, nem sei expressar o quanto", diz. A editora comunicou que uma reimpressão será feita.


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