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Peça exibe aventura de adolescente autista

'O Estranho Caso do Cachorro Morto' é adaptação premiada do best-seller homônimo escrito pelo inglês Mark Haddon

Em cartaz no RJ a partir de amanhã, obra mostra menino que tenta desvendar mistério sem fazê-lo de vítima

LUIZ FERNANDO VIANNA ESPECIAL PARA A FOLHA

Um dos mistérios que a ciência permanece distante de descobrir é o que se passa na cabeça de um autista. O escritor inglês Mark Haddon encarou o desafio e escreveu em primeira pessoa, na voz de um adolescente, o romance "O Estranho Caso do Cachorro Morto".

O livro, de 2003, foi traduzido para 32 idiomas e vendeu mais de 40 mil exemplares no Brasil. A adaptação para os palcos ganhou, em 2013, sete prêmios Olivier, o mais importante do teatro inglês.

É esta adaptação, de Simon Stephens, que chega amanhã ao Rio de Janeiro, sob direção de Moacyr Góes. Ele leu a história há três anos e, entusiasmado, passou a dar o livro de presente para amigos.

"O autor não faz o personagem de vítima", diz Góes. "Os valores de Christopher [narrador do livro] não são os que estão em voga", diz. "Toda vida é muito particular. Mas nesses meninos e meninas autistas isto se radicaliza."

Christopher tem síndrome de Asperger, a condição menos danosa dentre as que compõem o chamado espectro do autismo. Ao contrário da maioria dos autistas, ele é verbal e inteligente, sendo brilhante em matemática.

Mas, assim como todos, não gosta de se relacionar com muita gente e tem dificuldade para manter conversas, pois sua mente não compreende linguagem figurada.

Embora tão inapto para a vida social, ele empreende uma aventura que o leva de sua pequena cidade até Londres. No início da trama, só quer descobrir quem matou o cachorro da vizinha. Mas acaba por reencontrar a mãe, que seu pai dizia estar morta.

Cabe a Rafael Canedo, 26, a missão quase impossível de representar um autista. Ele foi selecionado num teste.

"Passei pela caricatura de um autista, fez parte do processo. Foi fundamental perceber que não é a história de um coitadinho. Sua trajetória é de muita coragem", diz ele.

O protagonista vive entre pais também inaptos para a vida social. A mãe, interpretada por Sílvia Buarque, deixou-o quando ele tinha 13 anos.

"Foi difícil deixar de julgá-la, pois, como quase toda mãe, acho que não se abandona um filho. É muito pesado dizer a frase eu não suportei' em relação a um filho. Tive de buscar a mãe egoísta que há em mim", diz Sílvia.

Já o pai é desastrado em sua paixão por Christopher, inventando a morte da mulher para suportar a dor de ter sido traído. A mentira lhe custa a distância e o ódio do filho.

"Ele é um homem tosco, que tenta resolver tudo, mas não sabe bem como. É Christopher quem consegue reorganizar, de uma nova forma, a estrutura familiar", afirma o ator Thelmo Fernandes.

Sabrina Korgut, Leon Góes e outros estão no elenco do espetáculo, que não tem data para chegar a São Paulo.


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