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Crítica comédia
'Palácio Francês' começa bem, mas insiste numa única piada
Diretor Bertrand Tavernier é desleixado ao tentar fazer humor pela 1a vez
Primeira comédia do francês Bertrand Tavernier, 72, em cinco décadas de carreira, "O Palácio Francês" promete, no início, uma boa sátira sobre a irracionalidade do poder.
O filme acompanha o jovem Arthur Vlaminck (Raphael Personnaz), contratado pelo ministro das Relações Exteriores (Thierry Lhermitte) para escrever seus discursos.
Mas o ministro --vaidoso, obcecado por marcadores de páginas e citações de Heráclito-- nunca fica contente com o discurso para uma assembleia da ONU e pede que Vlaminck o reescreva dezenas de vezes, dando ordens contraditórias e herméticas.
Para decifrar o ministro, Vlaminck buscará a ajuda dos pitorescos assessores do ministério, enfrentará a burocracia do governo, deixará a namorada em segundo plano.
O comportamento errático e extravagante do ministro rende bons momentos de humor verbal, mas aos poucos fica claro que o filme todo se baseia na repetição da piada.
Com isso, a moral da história --uma França perdida em seu papel internacional, mais interessada na imagem do que na substância, afogada em burocracia-- se torna reiterativa e redundante.
Artesão competente em filmes como "Um Sonho de Domingo" (1984) e "Por Volta da Meia-Noite" (1986), Tavernier se mostra um pouco desleixado em "O Palácio Francês".
Um aviso: o chamariz da presença de Julie Gayet (suposta amante do presidente François Hollande) no filme é ilusório; seu papel, de assessora do ministro, é pequeno.
O PALÁCIO FRANCÊS
(QUAI D'ORSAY)
DIREÇÃO Bertrand Tavernier
PRODUÇÃO França, 2013
ONDE Reserva Cultural, Playarte Bristol e Espaço Itaú Augusta
CLASSIFICAÇÃO não informada
AVALIAÇÃO regular