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Bailarinos recriam tempestade em cena

'Pindorama', novo espetáculo da companhia carioca de dança da diretora Lia Rodrigues, chega a São Paulo

Coreografia em cartaz no Sesc envolve os espectadores, que ficam dentro do palco, com 'ondas' e 'ventanias'

IARA BIDERMAN DE SÃO PAULO

Um plástico transparente de 20 metros organiza a disposição do público dentro do palco. Em "Pindorama", novo espetáculo da Lia Rodrigues Companhia de Danças, não há plateia.

Em pé ao redor da cena, os espectadores são envolvidos por ventanias, tempestades e ondas que empurram e cobrem os corpos náufragos dos bailarinos.

Há água por toda a parte: no plástico que vira mar revolto, nos 300 balões de água feitos de camisinhas, no chão e nos respingos no ar. Sobra para o público, que também se molha.

"Uma das primeiras inspirações para a criação foi a imagem da tartaruga arfante', que li em um texto de Clarice Lispector", conta Rodrigues à Folha.

A ideia do plástico que se transforma nas ondas que cobrem os bailarinos começou a se formar quando Rodrigues viu uma obra em forma de túnel da artista Lygia Clark (1920-88).

"Pindorama" (terra das palmeiras, em língua tupi) fecha o tríptico de coreografias idealizada por Rodrigues, que começou com "Pororoca (encontro das águas do mar e do rio), de 2009, e "Piracema" (movimento de cardumes contra a corrente), de 2011.

"A ideia da água já estava nos nomes das obras anteriores, mas a força desse elemento na obra só se revelou depois. O que une as três coreografias é a ideia dos encontros e desencontros das pessoas para formar um coletivo", diz.

É uma experiência que a coreógrafa vive desde 2003, quando foi apresentada pela crítica de dança Silvia Soter ao projeto Redes da Maré, Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) de moradores do maior complexo de favelas do Rio.

"Senti afinidade com a organização e procuramos criar um lugar comum de trabalho. Chegamos ao encontro pouco provável de um projeto social com uma companhia profissional de dança contemporânea", conta Rodrigues.

Além de instalar sua companhia em uma das favelas do complexo, Rodrigues criou, em 2011, a Escola Livre de Dança da Maré.

"Pindorama" estreou no Brasil no galpão onde são dadas as aulas e feitos os ensaios, no final de março. A primeira temporada brasileira ocorreu junto com a ocupação da Maré pelo Exército.

A estreia mundial foi na França, no Festival d'Automne de Paris. Depois da atual temporada por diferentes cidades do Estado de São Paulo, no Circuito Sesc de Dança, a companhia inicia uma turnê na Europa (Bélgica, Portugal e Alemanha).


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