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Sertão de Guimarães Rosa inspira disco

Cantor Makely Ka lança 'Cavalo Motor', CD criado após expedição de bicicleta por 1.680 km no interior de Minas

Álbum mistura ritmos tradicionais com música eletrônica feita a partir de sons captados na viagem

GIULIANA DE TOLEDO DE SÃO PAULO

Com uma bicicleta e um projeto em mente, o cantor e compositor Makely Ka, 38, pegou três meses de estrada para percorrer o sertão descrito por Guimarães Rosa (1908-1967) no livro "Grande Sertão: Veredas".

Da jornada de 1.680 km pedalando, vieram as bases para o disco "Cavalo Motor", que é lançado agora. É o segundo trabalho solo da carreira do piauiense criado em Barão de Cocais, no interior de Minas Gerais. Makely tem também dois discos lançados em parcerias e já foi gravado por Ná Ozzetti e André Mehmari, entre outros artistas.

O show de lançamento de "Cavalo Motor" será realizado hoje no Sesc Pompeia, em São Paulo, com participação de José Miguel Wisnik, músico e professor de literatura brasileira da USP.

Wisnik, estudioso de Guimarães Rosa, foi um dos que contribuíram para que Makely traçasse no mapa os pontos por onde passa Riobaldo, personagem principal.

"Há uma geografia real dentro do livro. Comecei a mapear e vi que existiam mesmo aqueles lugares", conta Makely, que adotou, junto ao seu nome de batismo, o "Ka", em homenagem a um poema futurista do autor russo Velimir Khlébnikov (1885-1922).

De pouco mais de 200 topônimos identificados no livro, cerca de 180 foram localizados "na realidade" por Makely, para serem explorados de julho a setembro de 2012, período da viagem.

Na época, a aventura foi financiada por R$ 5.000 doados em uma vaquinha virtual. No ano passado, veio um novo apoio. Para a gravação do disco e a realização de shows, o projeto ganhou patrocínio do Natura Musical, programa de incentivo mantido pela marca de cosméticos.

"A viagem foi muito barata. Fiquei hospedado na casa de moradores e fui muito bem recebido. No primeiro contato, alguns ficaram meio desconfiados, mas depois me chamavam para tomar um café. Era a senha para saber que tinha sido acolhido", conta.

TECNOLOGIA NO SERTÃO

Se Riobaldo, Diadorim e o bando de jagunços desbravavam o sertão no lombo do cavalo, Makely preferiu viajar em um "cavalo motor".

Trata-se de uma bicicleta simples equipada com um sistema que acumula a energia das pedaladas em uma bateria. O mecanismo foi feito pelo próprio músico, formado em eletrônica.

A carga guardada na bateria permitiu o uso de computador, máquina fotográfica, celular e gravador. Com isso, seus relatos foram publicados, ao longo do caminho, em seu site (makelyka.com.br).

Os registros sonoros captados também estão no disco, em forma de música eletrônica processada com os sons do ambiente. As batidas, muitas vezes ruidosas, se juntam a MPB e a ritmos tradicionais nordestinos, como cocos e emboladas.

"Não quis fazer um disco regional", diz ele. "Sou um peixe fora d'água. Em Minas, soo muito nordestino e, no Nordeste, muito mineiro."


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