Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Crítica - Clipe

Visão de Spike Lee sobre conflitos no Brasil é similar à de desenho animado

RICARDO CALIL CRÍTICO DA FOLHA

Spike Lee se tornou uma espécie de brasilianista do audiovisual. Depois do clipe de "They Don't Care About Us" (1995), de Michael Jackson, ele produz o documentário "Go Brazil Go" e dirigiu aqui, neste ano, dois clipes comerciais ligados à Copa.

O primeiro foi para a LG Electronics, protagonizado por Seu Jorge. O segundo, para acompanhar a música "The Game", de Kelly Rowland, parte do álbum "Pepsi Beats of the Beautiful Game".

"Pixote's Game", que caiu na rede há cinco dias, é um curta musical ou clipe narrativo sobre um garoto da favela carioca do Vidigal que ganha uma bola e uma camisa da seleção brasileira e sonha em fazer um gol em um estádio.

O curta/clipe traz referências a dois filmes brasileiros de sucesso internacional. O primeiro, claro, é "Pixote - A Lei do Mais Fraco" (1981), de Hector Babenco, que batiza o protagonista. O segundo é "Cidade de Deus" (2002), homenageado nas cenas de perseguição em vielas da favela e em nomes de coadjuvantes que aparecem nos créditos (Buscapé e Mané Galinha).

Mas o olhar fantasioso, ingênuo e otimista de "Pixote's Game" sobre a favela está mais próximo da animação "Rio" (2011), de Carlos Saldanha.

Além das referências cinematográficas um tanto evidentes, clichês desfilam pela telinha nos cinco minutos do clipe: praia de Ipanema, escadaria de azulejos da Lapa, batucada na areia, malandro de terno branco etc. As imagens vêm com filtro antigo à moda do Instagram --e a sensação é de que o clipe poderia ter sido dirigido por celular.

Cineasta que lançou um olhar agudo sobre as tensões raciais americanas em filmes como "Faça a Coisa Certa" (1989) e "Malcolm X" (1992), Lee mostra em "Pixote's Game" uma visão diluidora de conflitos sobre o Brasil --como, aliás, convém a um projeto comercial de encomenda.

Até aqui, ele é o cineasta oficial da brasilidade. Vamos ver se o documentário "Go Brazil Go" vai virar o jogo.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página