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Crítica - Samba

Disco 'lado B' de Monarco é um acontecimento

Mulher ingrata, natureza e o fim do amor são temas recorrentes de trabalho do maior cantor de samba em atividade

LUIZ FERNANDO VIANNA ESPECIAL PARA A FOLHA

Monarco, 80, é o maior cantor de samba em atividade. E um dos maiores do século de vida que o gênero está prestes a completar. Também é exímio compositor. Um CD com 13 faixas criadas e interpretadas por ele não é um produto, mas um acontecimento.

O disco, que deve chegar às lojas no fim do mês, tem várias participações (Beth Carvalho, Diogo Nogueira, Cristina Buarque, a família do cantor etc.). Todas bem justificadas, mas o recurso soa excessivo. Monarco se basta.

O título pode insinuar um projeto na linha "maiores sucessos". Afinal, "Passado de Glória" é o nome do samba que Paulinho da Viola escolheu para batizar o LP de estreia da Velha Guarda da Portela, em 1970.

Mas esta música não está no repertório. O CD é lado B, cheio de inéditas, nem todas recentes. Os temas predominantes são os que movem Monarco e outros de sua estirpe, os monarcas populares.

Um deles é a escola de samba ao qual estão ligados por vínculos profundos, conscientes de que aquele é um núcleo civilizatório, não um entreposto de bugigangas.

"Não Reclame, Pastorinha" é samba de terreiro (não feito para o Carnaval) destinado a celebrar a história e os protagonistas da Portela. Melodia em tom menor, em tom de saudade. "Momentos Emocionais" tem o mesmo espírito.

Já a recente "A Grande Vitória" busca empolgar os componentes na busca por um título que foge há 30 anos.

A mulher ingrata é personagem recorrente nos sambas antigos ou à moda antiga.

Inspirada numa história de seu amigo portelense Alberto Lonato, que fracassou ao patrocinar uma "leviana" e "malvada", Monarco compôs "Verifica-se de Fato", parceria com Ratinho cantada ao lado de Zeca Pagodinho, o melhor intérprete da dupla, que já gravou "Coração em Desalinho" e "Vai Vadiar".

Com o paulista Tuco, Monarco canta "Fingida", de título autoexplicativo.

Outro tema frequente: a natureza. "Estação Primaveril" é do tempo em que havia tempo para ouvir "a passarada alegremente" e "a cigarra ao amanhecer". À feição para a participação de Marisa Monte.

Há os sambas comoventes sobre o fim do amor, a "tristonha saudade": o que tem este título, o que tem este verso ("Horas de Meditação"), o que tem esta dor ("Insensata e Rude").

O CD abre e fecha com canções que são mais curiosas do que preciosas: "Poeta Apaixonado" é uma costura de versos de Mário Lago; "Crioulinho Sabu" é o primeiro samba, feito aos oito anos.

Dos oito aos 80, Monarco é eterno.


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