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Ilustrada

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Réplica

Crítica ignora que para o poeta não há nenhuma palavra impura

SYLVIO BACK ESPECIAL PARA A FOLHA

É notável a injustiça, a desfaçatez e a leseira intelectual do poeta e músico paranaense Rodrigo Garcia Lopes resenhando meu livro "Quermesse" ("Ilustrada", 21.6.14).

Como um dos editores da revista "Coyote", tempos atrás Lopes publicou meu poema gráfico "foda.com" ironicamente, na contramão de sua suspeita avaliação e citações linguísticas para arrimo dos patéticos reparos literários.

O resenhista não teve pejo algum em se valer dos conceitos do ensaio "Sexo, Palavra e Lente" (jamais citado) do poeta e crítico Felipe Fortuna, que abre "Quermesse".

Lopes enaltece a citação de atrizes, o uso da decupagem, do corte e da montagem cinematográficos, a reiteração como mantra religioso do tédio erótico, e que tais. Isso depois de inventar a expressão "fórmula backiana", ecoando as palavras de Fortuna "... Back é um poeta original".

Cheio de falsas boas intenções mediáticas e nítida arrogância acadêmica, Lopes propositadamente confunde erótico e pornográfico, acreditando que com isso desclassificaria meu poemário. Ao contrário, me conduz à companhia de luminares da poesia mundial. Nem mereço tanto!

Tudo, na verdade, serve para escamotear seu vezo censório e uma inequívoca amperagem moralista contra locuções chulas e o palavrão. Ou os deliciosos fonemas que nomeiam as partes pudendas, ignorando, segundo Manoel de Barros que, para o poeta, não existe palavra impura.

Impossível deixar de deplorar que para Lopes palavras têm categoria. Haveria aquelas nobres, sancionadas para a poesia, e há aquelas proscritas do verso que devem ser escorraçadas para o inferno da língua.

Absorvendo a hipocrisia e as incongruências do articulista, alinhavo os poetas do verso erótico que rondam o meu fabro: Marcial, Safo, Catulo, Ovídio, Bocage, Goethe, Whitman, Rimbaud, Bilac, Fernando Pessoa, Bandeira, Drummond, Pignatari, e tantos quantos, entre os vivos, somos seus alegres cultores.


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