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Crítica - Terror

Espetáculo exige cumplicidade do público para atingir o seu objetivo de assombrar

GUSTAVO FIORATTI CRÍTICO DA FOLHA

"A Dama de Negro" promete, em seu cartaz, experiência sensorial típica das rodas de fogueira: "Prepare-se para ser assombrado por uma das melhores histórias de terror jamais vistas no teatro". Dá seu truque, assumido e competente em vários sentidos.

Desde que estreou na Inglaterra em 1988, "A Dama de Negro" já foi passada para trás por uma literatura de sentido sádico bem mais refinado do que o seu. De lá para cá, diversas histórias fantasmagóricas se superaram.

Neste espectro, a peça, sobre um homem que viaja a uma casa isolada para se dedicar ao inventário de uma mulher morta, parece hoje quase infantil se comparada a filmes como "Os Outros".

Exige enorme cumplicidade do espectador para atingir o objetivo de assombrar, ou então uma encenação capaz de reerguer o texto ao ponto máximo. Não é o caso.

Por outro lado --e aí reside a parte boa do truque--o texto de "A Dama de Negro" propõe muito mais do que a simples experiência do terror, pois também se dedica a um exercício de metalinguagem. Como contar uma história no teatro? Este é o ponto do texto.

Quando a peça começa, seu protagonista já passou pelo pânico anunciado e quer recontar a história. Ele sabe que não tem técnica para causar impacto e acaba pedindo auxílio a um ator. Juntos, os dois vão reencenar o passado.

Com poucos recursos, a dupla prova ter capacidade para criar sobre o palco um universo repleto de imagens.

A criatividade do primo pobre, o teatro, frente ao poder do primo rico, o cinema, procura compensar o público pelo não cumprido: não tem terror, mas tem engenhosidade.

Atores ingleses têm escola e tradição para esse tipo obra. Os brasileiros Ben-Hur Prado e Josafá Filho se esforçam. Mas fazem valer a pena.


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