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Peça vira filme exibido na mesma hora

'E se Elas Fossem para Moscou?' usa linguagens diferentes para contar história no palco e em sala de cinema ao lado

Montagem baseada no clássico 'As Três Irmãs', de Tchékhov, concorre ao Prêmio Shell na categoria 'inovação'

GABRIELA MELLÃO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"E se Elas Fossem para Moscou?" é uma peça na qual três câmeras são incorporadas à dramaturgia. É também um filme editado ao vivo a partir do próprio espetáculo e apresentado simultaneamente a ele, em uma sala ao lado.

Essas obras gêmeas criadas por Christiane Jatahy a partir do clássico de Anton Tchékhov (1860-1904) "As Três Irmãs", que entram em cartaz no Sesc Belenzinho nesta quinta (17), às 21h30, têm genes absolutamente distintos.

"Não se trata de uma peça filmada, mas de um filme. Um filme performance, com todo o risco que a performance ao vivo traz", diz a diretora, adaptadora, roteirista e editora do projeto, e que há mais de uma década se dedica a aproximar teatro e cinema.

O filme é realista e repleto de planos fechados. Na peça, o público está integrado à cena. O sofá da sala da casa, no palco, está bem próximo dos espectadores. Eles são de certa maneira os convidados da festa da Irina, jovem que comemora com suas duas irmãs o aniversário de 20 anos.

Na obra teatral, a construção da cena é feita diante do espectador. As paredes da casa das irmãs, que vivem dilemas existenciais similares, são montadas após o início do espetáculo.

As câmeras também são visíveis. Em alguns momentos as atrizes as usam para dar depoimentos confessionais; em outros, contracenam com elas.

Pessoas da equipe técnica, como o diretor de fotografia Paulo Camacho, se tornam atores. "Quando ele representa um personagem, nós olhamos para ele, mas na verdade estamos olhando para a câmera", diz Bel Teixeira, que interpreta Olga.

DUAS LINGUAGENS

O diretor de arte e cenógrafo Marcelo Lipiani explica que buscou criar "um cenário realista para o filme e desconstruído para a peça", a qual se mostra claramente como encenação e não uma representação fiel da realidade.

As diferenças de linguagem das duas obras também geram leituras distintas. "Na peça, cada espectador trabalha como editor. Atua na medida em que direciona o olhar. No cinema, ele é conduzido pelo olhar de uma única edição, o olhar do diretor", sintetiza Teixeira.

Como no original de Tchékhov, Moscou simboliza a esperança de mudança para as três irmãs.

Segundo Jatahy, Irina (julia Bernat), em seus 20 anos, acredita que ainda pode mudar o mundo. Maria (Stella Rabello), aos 30, tem a sensação de que está no ponto da mudança e se não a fizer agora, não a fará mais. Olga, que já passa dos 40, sabe que ainda tem muito pela frente, mas se pergunta se ainda é possível mudar.

A reflexão sobre tempo e espaço contida na peça/filme embaralha forma e conteúdo. "Estamos em dois espaços virtuais e reais. No mesmo instante. Somos um a utopia do outro", diz Irina em cena, sobre este projeto que ganhou quatro indicações ao 27º prêmio Shell, entre eles de inovação' "pela construção de uma dramaturgia singular através da integração de teatro e cinema".


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