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Diretor de animação dos Beatles critica tecnologia

Bob Balser, de 'Submarino Amarelo', participa da 22ª edição do Anima Mundi

Americano afirma que falta 'alma' a desenhos feitos no computador e que só passou a gostar de filme anos depois

LUIZA FRANCO DO RIO

Em plena corrida por inovações tecnológicas nos estúdios de cinema, o americano Bob Balser, 87, diretor de animação do clássico da beatlemania "Submarino Amarelo" (1968), defende: "Um desenho feito pelo computador não tem alma".

Diretor de outros trabalhos de sucesso, como a série de TV dos anos 70 sobre o grupo Jackson 5, Balser é destaque na 22ª edição do festival Anima Mundi, que acontece até o dia 3/8 no Rio e de 6 a 10/8 em São Paulo. Ele participa de palestra na quinta (31) na capital carioca e em SP no dia 6/8.

Em entrevista à Folha, de Los Angeles, ele disse que levou anos para aprender a gostar de "Submarino Amarelo", o desenho animado inspirado na canção homônima de John Lennon e Paul McCartney e que se tornou uma referência do universo dos Beatles.

Leia os principais trechos.

Folha - O sr. só trabalhou com animação clássica. O que acha da produção digitalizada?

Bob Balser - Não sei quem disse a frase, mas eu concordo: um desenho feito pelo computador não tem alma.

Como começou a trabalhar com animação?

Essa história é boa. Eu fazia faculdade de artes visuais em Los Angeles e precisava de créditos para me formar. Só a porcaria daquele curso de animação se encaixava e acabou mudando minha vida. Logo consegui emprego em estúdios de Hollywood e depois fui para a Europa.

Como o senhor se envolveu com "Submarino Amarelo"?

O trabalho de animador é ingrato. Há períodos em que você trabalha demais e outros em que não há nada para fazer. Estava assim quando chamaram a mim e a mais oito pessoas para o teste. Quando vimos os lindos desenhos psicodélicos de Heinz Edelmann [diretor de arte do longa, morto em 2009], sabíamos qual visual queríamos para o filme.

Qual foi a parte mais difícil?

Eu só vou dizer que nós tínhamos três desafios: falta de dinheiro, falta de tempo e falta de roteiro. O resto só conto na palestra.

O filme é um marco.

Foi o primeiro a quebrar o estilo Disney de animação. Usamos técnicas que só haviam sido exploradas em curtas [o filme foi feito com fotogramas pintados à mão]. Sendo um filme dos Beatles, já sabíamos que seria um sucesso, então pudemos ousar.

Sabia que tinha algo revolucionário nas mãos?

Nenhum artista acha isso. Mas o engraçado é que não gostei do filme. Quando ficou pronto, disse: "Passei um ano trabalhando nesse filme, e ficou péssimo!". Só muitos anos depois consegui gostar.

É verdade que os Beatles não se interessaram pelo filme até que viram uma versão?

Sim, eles detestavam o desenho animado sobre eles que passava na TV. Reclamavam dos falsos sotaques britânicos. E achavam que nosso filme seria mais do mesmo.

Como foi assistir à versão restaurada do Anima Mundi?

Maravilhoso. Pude corrigir coisas que me incomodavam, como as cores e alguns movimentos dos personagens.

Que filmes do lado B de sua carreira destacaria?

Vou exibir pela primeira vez "El Sombrero", curta dos anos 1960 que estava perdido até o ano passado. Foi muito gostoso rever, era como se outra pessoa tivesse feito.


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