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Crítica - Infantil

História bem costurada flui sem sobressaltos nem afetação

O GRANDE TRUNFO É A MANEIRA COMO EXTRAÍMOS DESSA NARRATIVA, QUE SE PASSA EM BELO HORIZONTE E NOS ANOS 1930, SINAIS DE CRÍTICA AO AMBIENTE POLÍTICO E SOCIAL DE AGORA

SÉRGIO ALPENDRE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Existem filmes infantis endereçados apenas às crianças e existem aqueles que, por uma maior riqueza na construção, podem agradar também aos adultos.

"O Menino no Espelho", de Guilherme Fiúza Zenha, pertence ao segundo caso e nos impressiona por sua agradável simplicidade e pelo trabalho com os atores. A narrativa flui tranquilamente, sem sobressaltos e sem qualquer afetação.

Baseado em livro de Fernando Sabino (1923-2004), o filme costura habilmente diferentes histórias, com destaque para a materialização do reflexo no espelho, o que possibilita ao moleque Fernando (Lino Facioli) fazer coisas mais agradáveis, enquanto Odnanref, seu duplo, encara a vida difícil dos afazeres e castigos.

A galeria de personagens que trafegam na trama é típica: a professora Risoleta (Gisele Fróes), o Major Pepe Faria (Ricardo Blat, excelente), o mendigo que é visto como um fantasma, a prima mais velha que Fernando pensa poder conquistar, o garoto ameaçador da escola, entre outros.

Mateus Solano e Regiane Alves fazem os pais de Fernando com uma justeza de tom rara em filmes comerciais recentes. E há também a amiguinha mais próxima, Mariana, vivida com brilho por Giovanna Rispoli.

Mas o grande trunfo é a maneira como extraímos dessa narrativa, que se passa em Belo Horizonte e nos anos 1930, sinais de crítica ao ambiente político e social de agora.

É algo evidente na caracterização do Major Pepe, um militar fascista que aprisiona gatos e procura sempre a maneira mais castradora de reagir a algo que lhe desagrada. Ele é o verdadeiro antagonista, a representação de um mal que volta a espreitar a sociedade de forma repressiva.

Avesso a tudo que pode tolher a vida plena e a qualquer tipo de autoridade, o menino Fernando, por sua vez, é uma alma livre e inventiva, um exemplo para toda a gurizada atual, aprisionada em redes sociais e joguinhos de celulares.


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