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Crítica - Drama

Tenso e delirante, longa brasiliense lembra cinema marginal

ALEXANDRE AGABITI FERNANDEZ COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O segundo longa do brasiliense Gustavo Galvão põe em cena o périplo de dois rapazes em uma atmosfera tensa e delirante.

A narrativa desregrada, com vários experimentos formais, e os personagens anárquicos ou desesperados aproximam o filme de algumas produções do cinema marginal, vertente criativa da produção brasileira surgida no fim dos anos 1960.

O introspectivo Pedro (Vinícius Ferreira) é um jornalista de Brasília que larga tudo de repente e cai na estrada, sem rumo e sem avisar ninguém.

Em suas andanças, depois de roubar um carro, conhece Lucas (Marat Descartes), um cafajeste sarcástico e malicioso, que aos poucos se revela um traficante de drogas envolvido em obscuras transações.

Desencantado, Lucas exterioriza sua visão da vida com máximas certeiras que provocam Pedro.

Apesar das evidentes diferenças entre ambos, ou talvez justamente por causa delas, a dupla de desajustados se forma e os dois seguem juntos pelas estradas do interior, em uma jornada cheia de angústia, desacertos e desconfortos que interpelam o espectador.

Marcado pela incerteza, este road movie existencial só poderia ter um final sem definições.

As andanças da dupla são embaladas por irrequietas improvisações de saxofone e punk rock.

O sax remete ao jazz, especialmente ao frenético bebop de Charlie Parker, "trilha sonora" do romance "Pé na Estrada" (1957), de Jack Kerouac (1922-1969), em que uma dupla de malucos atravessa os EUA de ponta a ponta.

Além do romance de Kerouac, o filme tem outra referência à literatura da geração beat: o título foi extraído dos primeiros versos de "Uivo" (1956), longo poema de Allen Ginsberg (1926-1997).


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