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Crítica Drama
'Estação Liberdade' é inventário de tiques da moda
Vamos e voltamos, sem fim, ao sabor da montagem: o vagão que chega, os trilhos vistos do trem, os passageiros...
Listemos algumas das coisas que se pode ver em "Estação Liberdade": trens de metrô, rostos orientais no metrô, o cais da estação (Liberdade), a porta do trem, com pessoas olhando para o lado de fora, mais rostos orientais, entre eles o de Mario, o protagonista (o ator é Cauê Ito, de rosto bem interessante).
Mario olha para nós; uma conversa rápida em casa; formigas andam por uma colher. A montagem é descontínua, claro. Mario fuma, examina pedras (preciosas, talvez), uma oriental olha para ele.
Mario examina outra pedra (ou seria a mesma?), treina movimentos de arte marcial (karatê, talvez), olha para nós em primeiríssimo plano, com jeito de ator coreano prestes a matar a família. Uma foto dentro de um envelope.
Vamos e voltamos, sem fim, ao sabor da montagem: o vagão que chega, os trilhos vistos do trem, os passageiros...
Será o eterno retorno? Não. Passamos para a noite. Surge um porteiro mal encarado. O karaokê. Uma ocidental oferecida conversa com ele. Uma transa: pés de mulher no pescoço do cara...
Uma foto, a do envelope. A nostalgia diante da foto. Perguntará sobre sua origem? Quem sou eu? Um passeio pela Liberdade: a rua decorada de balões orientais, o signo mais evidente de que estamos no bairro japonês.
Chove agora. Chove como há muito tempo não chove em São Paulo. Até a chuva é um efeito estético em "Estação Liberdade" que, mais que um filme, é uma espécie de inventário dos tiques da moda, ou, talvez, um "catalogue raisonné" da pós-modernidade.