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Mezzo-soprano traz seu repertório surpreendente a SP

Americana Joyce DiDonato apresenta nesta semana personagens de Joseph Haydn e Johann Adolph Hasse

Premiada cantora que se apresentou na cidade em 2012 será acompanhada ao piano por David Zobel

JOÃO BATISTA NATALI COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Já existe uma relação de familiaridade entre o público paulistano e a mezzo-soprano americana Joyce DiDonato, 45. Ela se apresentou aqui em outubro de 2012 e o fará de novo no domingo e na segunda, na Sala São Paulo e na temporada do Cultura Artística.

DiDonato apresenta uma confluência singular entre o belíssimo timbre, a adequação dramática do fraseado à dicção e sobretudo uma técnica vocal que percorre com competência os períodos da história da música que colocaram em evidência seu registro de voz.

A mezzo coloratura é uma ave bem mais rara que as sopranos no mundo da ópera. Com o romantismo, sobretudo no repertório de Verdi (1813-1901), eram as sopranos que interpretavam os papéis principais. Eram elas que sofriam como mocinhas em histórias de amor e exerciam uma espécie de liderança no mercado da voz feminina.

Restavam às cantoras de voz ligeiramente mais grave o papel coadjuvante de mães, governantas, rainhas ou rivais. Ou então cantavam papéis masculinos, como Cherubino, em "As Bodas de Fígaro", de Mozart (1756-1791), ou o sedutor Octavian, em "O Cavaleiro da Rosa", de Richard Strauss (1864-1949).

O papel-título de "Carmen", de Bizet (1838-1875), é uma das poucas exceções à regra. Dentro desse ambiente um tanto hostil, uma grande mezzo-soprano se tornou uma caçadora de repertório. É justamente o que Joyce DiDonato tem feito.

MISTURA

O programa de suas apresentações em SP mistura um pouco do conhecido com muito do surpreendente.

Alguns exemplos. O mito de "Ariana em Naxos", por séculos lugar-comum na ópera, está hoje apropriado por Richard Strauss. Mas Joseph Haydn (1732-1809) também trabalhou com o personagem que DiDonato traz a SP.

O barroco alemão Johann Adolph Hasse (1699-1783) escreveu "Antonio e Cleópatra", com ária no programa da mezzo-soprano.

O mesmo vale para duas outras árias de Georg Friedrich Händel (1685-1759), cujas óperas "Giulio Cesare" e "Ariodante" têm trechos belíssimos, mas são teatralmente muito ruins.

Ou, então, peças de um quase contemporâneo nosso, o italiano Francesco Santoliquido (1883-1971), de quem ela cantará cinco árias.

Acompanhada ao piano por David Zobel, como o fez na Sala São Paulo em 2012, a carreira da cantora pode ser resumida por alguns poucos dados: ela canta 32 personagens líricos, foi duas vezes premiada pelo Diapason dOr e, há quatro anos, eleita pela revista britânica "Gramophone" como a artista do ano.


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