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Peça revê conflito interno de Sylvia Plath

Mais poético que biográfico, espetáculo 'Ilhada em Mim' revela inquietações de autora de 'A Redoma de Vidro'

Figurino se decompõe e desbota em água que cobre o palco, enquanto objetos congelados e pendurados derretem

FERNANDA REIS DE SÃO PAULO

Separada do marido, o poeta Ted Hughes (1930-1998), Sylvia Plath ligou o gás do fogão --após selar as frestas da cozinha com toalhas molhadas para evitar o vazamento para o quarto dos filhos-- e colocou a cabeça no forno.

Sua morte, em 1963, seus escritos e, sobretudo, sua apaixonada relação com Hughes norteiam a peça "Ilhada em Mim - Sylvia Plath", em cartaz no Sesc Pinheiros, que faz uso de metáforas e de poesia para retratar a alma da autora de "A Redoma de Vidro".

Escrito por Gabriela Mellão, colaboradora da Folha, o espetáculo não é linear ou exatamente biográfico. A leitura do programa entregue no início da peça é importante para quem não tem familiaridade com a vida da escritora desfrutar completamente do espetáculo.

Está ali a informação, por exemplo, de que Ted Hughes censurou parte dos escritos deixados por Sylvia para proteger a intimidade de família.

No palco, o ato se concretiza em uma cena em que André Guerreiro Lopes, ator e diretor da peça, amassa uma série de papéis de Sylvia e os arremessa para longe, sem explicitar o que está fazendo.

Os diálogos são compostos por fragmentos de textos dos dois escritores, auxiliados por trechos de entrevistas radiofônicas da dupla, com a tradução projetada na parede.

O texto revela ao público mais do temperamento e das inquietações de Sylvia, interpretada por Djin Sganzerla, do que os fatos de sua vida. "Ela tinha um conflito interno entre ser a mulher ideal e ser quem era. É muito lindo ver esse retrato", diz a atriz.

O espetáculo é visualmente impactante. O palco é coberto por uma fina camada de água, na qual Guerreiro Lopes e Sganzerla caminham e se jogam.

O figurino, assinado pelo estilista Fause Haten, vai se decompondo e desbotando nessa água, até perder completamente a cor, enquanto objetos congelados, pendurados no teto, vão aos poucos derretendo. Os poucos objetos cênicos parecem afundar no palco.

Segundo Guerreiro Lopes, o cenário e os figurinos ajudam a passar uma ideia de libertação. "A Sylvia vai, ao longo do espetáculo, perdendo as camadas que a aprisionam", afirma. "A água é também uma metáfora de afogamento. Ela se mata com gás, mas a ideia da asfixia a gente transpõe para a água."


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