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Crítica - Teatro

Montagem mais hippie que punk descalça atores sem motivo

GUSTAVO FIORATTI COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Pés descalços são sempre significativos no teatro, principalmente quando não há cena de índios, escravos, pigmeus ou Curupira. Se um ator interpreta um executivo de pés descalços, por exemplo, as leituras imediatas são: o personagem está em um momento de reflexão, relaxamento ou perdeu os sapatos.

A peça "O Desvio do Peixe no Fluxo Contínuo do Aquário", da Cia Artehúmus, escrita e dirigida por Evill Rebouças, começa com cinco atores descalços para apresentar um texto que é fruto de pesquisa sobre a vida em condomínios e conjuntos habitacionais.

A primeira impressão é de que ou se esqueceram do figurino ou estão ironizando uma antiga simbologia hippie, com falsa humildade.

O problema é que, conforme o espetáculo segue seu curso, percorrendo a história de uma família comum com seus problemas mais comuns ainda dentro de um condomínio tedioso, a ironia do grupo, única salvação para obra essencialmente ingênua, nunca é usada para atingir os tais pés descalços.

O grupo se revela herdeiro do romantismo hippie, buscando dar valor sociológico à obra com frases do tipo "nossos super-heróis só agem porque têm um holerite no final do mês". Uma dose de agressividade punk, felizmente, resgata a peça da pasmaceira, como no momento em que uma personagem revela que sempre quis fazer DP. Abreviação para "dependência" (recuperação no fim do ano escolar), DP também pode significar "dupla penetração", o ato sexual.

O grupo vai mais fundo no perfil hippie do que no punk, uma pena. A peça se enfraquece quando o público é chamado para uma boquinha (recurso manjado, promove comunhão entre palco e plateia), e são servidos petit fours.


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