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Diretores rodam filmes em tempo recorde

Para cortar custos de produção, Daniel Filho filma 'Obra-Prima' em dois dias; título não tem data de lançamento

Cineastas Bruno Safadi e Ricardo Pretti fazem três longas em menos de um mês com mesmo elenco e equipe técnica

GUILHERME GENESTRETI DE SÃO PAULO

Com um prazo curto na mão e uma ideia na cabeça, dois projetos de filmes rodados "a jato" buscam driblar os custos de fazer cinema no Brasil.

De um lado, os cineastas independentes Bruno Safadi ("Éden") e Ricardo Pretti ("Estrada para Ythaca") rodam três longas em menos de um mês. Do outro, Daniel Filho, diretor de blockbusters brasileiros, embarca numa produção quase caseira filmada num único fim de semana.

"Fiquei maluco depois de velho? Talvez", diz Daniel, responsável pelo quarto maior recordista nacional de público do país, "Se Eu Fosse Você 2" (visto por 6,1 milhões de pessoas em 2009). Em setembro, ele filmou o longa "Obra-Prima" num pequeno estúdio do Rio com equipe técnica de menos do que dez pessoas.

Ele chamou 15 atores globais para atuar e está bancando o filme, hoje em finalização, com o próprio bolso: estima gastos de até R$ 450 mil.

"Não tenho vontade de lançar Se Eu Fosse Você 3'. Se faço filmes com tanta bilheteria, tenho o direito de fazer esse projeto, que eu chamo de inveja de Matheus Souza'", afirma, em referência ao diretor de "Apenas o Fim" (2008), conhecido pelas filmagens econômicas.

Gravada com apenas um plano, sua comédia de humor negro se desenrola num apartamento de classe média baixa após o suicídio do dono do imóvel. Otávio Augusto faz o síndico do prédio, casado com Susana Vieira. O porteiro é Lázaro Ramos ("Eu que tive que comprar aquela camisa azul, sabe?", diz o diretor).

A trama de "Obra-Prima" é baseada no filme "Death of a Man in the Balkans" (2012), do sérvio Miroslav Momcilovic.

"Sou da época em que se botava toda a equipe de filmagem numa Kombi", diz Daniel, 77. "Hoje, com a burocracia dos editais de fomento, leva-se muito tempo para rodar: os roteiros envelhecem. E a distribuição encarece o filme. Fiz em dois dias para mostrar o quanto dá para ser barato."

O diretor Beto Souza discorda. "Não são todas as histórias que podem ser filmadas em dois ou três dias. O que demora e encarece é não ter produtor que pense no filme como um todo", diz ele, que há três anos espera lançar o longa "Enquanto a Noite Não Chega". Seu "Insônia", rodado em 2008, saiu em 2014 por dificuldades na distribuição.

Daniel Filho diz ainda não ter planos sobre como o filme será lançado. "Não sei nem se vai ser exibido", afirma.

'NADA DE HEROICO'

Em janeiro de 2012, Bruno Safadi e Ricardo Pretti se uniram para filmar três longas: "O Uivo da Gaita", dirigido pelo primeiro, "O Rio nos Pertence", pelo segundo, e "O Fim de uma Era", por ambos.

Os dois primeiros, ficções, ainda não têm data de estreia. "O Fim de uma Era", exibido no último dia 30 no Festival de Cinema do Rio, é uma espécie de documentário sobre projeto e dialoga com o universo da Belair, produtora de Rogério Sganzerla (1946-2004) e Jolio Bressane que realizou sete filmes em quatro meses em 1970.

"Não há nada de heroico no nosso projeto", diz Safadi. "Os filmes da era de ouro de Hollywood eram feitos em três, quatro semanas. Hoje, parece que a regra é filmar em oito."

Os dois diretores dividiram elenco (Lean­dra Leal, Mar­i­ana Ximenes e Jiddu Pin­heiro) e equipe (cerca de 15 pessoas). Batizaram o projeto de Operação Sônia Silk', para homenagear a personagem de Helena Ignez em "Copacabana Mon Amour" (1970), um dos longas feitos pela Belair.

A produção dos três filmes, orçada em R$ 470 mil, teve aportes de editais do Rio e de um fundo holandês.

Ainda neste mês, Safadi se prepara para um novo projeto "a jato". Ele e os diretores Julio Bressane, Rodrigo Lima e Moa Batsow devem rodar quatro longas em um mês --cada um vai ser numa única semana, segundo Safadi.

"Como artista, quero fazer filme todo ano. Os editais não têm essa velocidade", afirma.


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