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Crítica - Teatro

Vertigem renuncia ao texto em reflexão sobre conflitos no país

FABIO CYPRIANO CRÍTICO DA FOLHA

Não há companhia de teatro mais afinada com a temática da 31ª Bienal de São Paulo do que o Teatro da Vertigem. Desde 1991, o grupo realiza suas peças em espaços inusitados, como igrejas, hospitais abandonados ou o próprio rio Tietê, revelando locais da cidade nem sempre próximos do mundo da arte.

Além de se ocupar da cidade, tal qual a Bienal, a companhia costuma abordar a realidade brasileira de forma central em suas performances.

Em cartaz desde a semana passada como parte da 31ª Bienal, "A Última Palavra É a Penúltima 2.0" aborda situações de tensão e conflito pelas quais o país atravessa, como muitas das obras da mostra.

Esse espetáculo inspirado no texto "O Esgotado", de Gilles Deleuze, representa uma nova faceta na companhia, que a torna ainda mais radical: não há texto. "A Última Palavra..." lembra um espetáculo de dança-teatro, como se moldado por Pina Bausch.

Montada em um passagem subterrânea ao lado do Theatro Municipal, onde um dia vitrines anunciavam a última moda da cidade, a peça inverte sentidos: o espectador fica dentro das vitrines, e a ação se desenrola na passagem.

Isso ajuda a criar a dinâmica do espetáculo, na qual os atores atravessam a passagem dezenas de vezes, mas com significados distintos, como se algo da metrópole fosse potencializado em cada pequena cena: das manifestações de junho de 2013 ao uso obsessivo do celular, passando por cenas surrealistas, como a tentativa de salvar uma baleia com respiração boca a boca.

Releitura de uma peça de 2008, "A Última Palavra..." é como o delírio de febre alta, que nos reposiciona e mostra um mundo diferente, mesmo que ele seja sempre igual.


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