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Peça apresenta Madame Bovary como cantora punk
'Madame B' se vale de romance do francês para criticar consumismo atual
Montagem, que estreia neste sábado, mostra heroína como uma jovem autodestrutiva e transgressora
"Madame Bovary sou eu", declarou o escritor Gustave Flaubert (1821-1880) em resposta às polêmicas envolvendo seu mais célebre romance. Em busca de um diálogo crítico com a sociedade de seu tempo, a atriz Mariana Senne apropria-se da ideia.
A protagonista de "Madame B - Fita Demo", peça que estreia neste sábado, é inspirada na heroína que intitula o livro do escritor francês.
Em cena, a madame ressurge atualizada, com posições mais radicais e com uma linguagem paródica. "Esta é uma leitura 'lado B' de Madame Bovary", define Senne, protagonista do espetáculo dirigido por Cibele Forjaz.
Como a original, a personagem dribla o tédio do casamento. Compra bens de consumo pela internet, os quais são entregues por um homem (Ieltxu Martinez Ortueta) com quem alimenta fantasias.
A peça acrescenta uma nova camada ao romance ao apresentá-lo através de uma cantora punk. Esta grava uma fita demo baseada em "Madame Bovary", mesclando cenas com números musicais.
Bovary e a cantora são transgressoras. Fazem, entretanto, uso destrutivo de suas potências. "Emma é uma máquina desejante, que poderia ser usada para mobilização coletiva, mas é usada para o consumo", explica a atriz.
A falência de Madame B surge como metáfora para a derrocada da sociedade atual. "O bovarismo faz parte da sociedade de consumo, que vive uma espécie de fantasia acreditando que a posse pode significar felicidade", acredita Forjaz.
O movimento punk se anuncia em cena como uma espécie de manifesto anti-bovarismo. "O punk é um grito contra este mundo absolutamente pragmático e normatizado em que vivemos", anuncia Senne.
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