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Crítica / Drama

Releitura de Antunes Filho capta toda a tragédia rodriguiana sem uso de pompa

LUIZ FERNANDO RAMOS CRÍTICO DA FOLHA

Teatro despido de pompa. A encenação de Antunes Filho de "Toda Nudez Será Castigada" tempera o dramalhão de Nelson Rodrigues com o frescor de um olhar ágil e sem reverências.

A peça, escrita em 1965, foi testada por Antunes em 1981, na encenação "Nelson Rodrigues - O Eterno Retorno", nos primórdios do seu Centro de Pesquisa Teatral. Mas é com a sua "Falecida Vapt-Vupt", de 2009, que a atual montagem dialoga. Aquela narrativa veloz, sobrepondo tempos e espaços simultâneos, retorna mais limpa, bela e eficaz.

A história do viúvo pudico, que se apaixona por uma prostituta com vocação para amante e, graças às armações do irmão invejoso, acaba traído pelo filho e pela amada, traz as marcas inconfundíveis do autor, que a definia como "uma obsessão em três atos".

O tratamento de Antunes da trama não perde tempo na superfície e mergulha logo no vórtice das ações. A velocidade impressa e a simplicidade das soluções cênicas evocam os seus melhores trabalhos.

A prova desta economia é a inexistência de uma cenografia assinada. O espaço cênico assinalado por uma única linha, e animado pelos atores e seus figurinos, existe para servir ao jogo intensificado de pulsões físicas.

Ondina Clais Castilho encanta como Geni. Sua dicção marcada gera estranheza, mas combina-se com uma notável desenvoltura corporal.

Os atores dão respostas desiguais às urgências da direção. Marcos de Andrade, como o irmão canalha, é convincente, e Leonardo Ventura como o viúvo, se sustenta. Lucas Rodrigues, como o filho- problema, deixa a desejar.

O coro de jovens prostitutas de seios nus lembra a estreia do CPT com "Macunaíma". No centenário de Nelson, entre tantas montagens, esta o homenageia de fato e honra os trinta anos de pesquisas do seu encenador.


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