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Parrilla na laje

Em 'Elefante Branco',que estreia hoje, Pablo Trapero expõe violência e melancolia de favela argentina

Divulgação
Ricardo Darín (à esq.) e Jérémie Renier em cena do filme
Ricardo Darín (à esq.) e Jérémie Renier em cena do filme
SYLVIA COLOMBO DE BUENOS AIRES

Ruas mal iluminadas, rostos marcados pelo sofrimento, sotaques do interior da Argentina e de países vizinhos mais pobres.

A melancolia, a diversidade e a violência do subúrbio sempre marcaram o universo de Pablo Trapero, 41.

O chamado "conurbano" (periferia) de Buenos Aires, onde o cineasta argentino nasceu e viveu, foi o centro de filmes como "Abutres" e "El Bonaerense".

São filmes que destoam fortemente da produção média argentina, de modo geral muito voltada a dramas da classe média urbana.

Esse universo suburbano volta com cores fortes em "Elefante Branco", que chega hoje ao Brasil. Sucesso na Argentina, o filme foi visto por mais de 800 mil pessoas após estrear com elogios em Cannes neste ano, dentro da mostra Un Certain Regard.

O filme se passa numa favela de Buenos Aires, a Ciudad Oculta, e tem como centro um edifício abandonado. Planejado para ser um grande hospital, hoje está ocupado por usuários de drogas.

"É uma Buenos Aires que os estrangeiros não conhecem. Nos festivais europeus, essa realidade gerou espanto, pois as pessoas relacionam a cidade a certo refinamento", conta Trapero, em entrevista realizada em sua produtora, a Matanza.

Rodeado de prêmios e de cartazes de filmes, especialmente italianos, Trapero fala com carinho das pessoas que conheceu na favela.

"Aqui na capital achamos que lá é o endereço da delinquência, mas quem vive ali são os que vêm fazer nossa comida, limpar nossa casa, são gente comum", explica. "O cinema brasileiro está mais habituado a retratar esse mundo; aqui isso não é usual. Ninguém vai lá."

O filme conta a história de um grupo de religiosos que trabalha na comunidade. O ator Ricardo Darín interpreta Julián, inspirado na trajetória do padre Carlos Mugica.

O religioso, cultuado hoje na Argentina quase como um santo popular, integrou o Movimento de Sacerdotes para o Terceiro Mundo, grupo carismático da Igreja Católica que se envolveu em lutas populares. Foi assassinado nos anos 1970 pela Triple A, a força paraestatal de direita do governo peronista.

Na produção, o padre Julián tenta fazer com que a igreja se envolva nos problemas dos moradores da Ciudad Oculta, enquanto enfrenta uma séria doença. Contracenam com ele Martina Gusmán, mulher de Trapero, e o belga Jérémie Renier.

Trapero prepara agora um filme em inglês. Trata-se de "Six Suspects" (seis suspeitos), trama policial adaptada de um romance de Vikas Swarup, autor que também inspirou o filme "Quem Quer Ser um Milionário?".


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