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Crítica Drama

Pablo Trapero filma miséria argentina sem complacência

Novo filme problematiza fé e tensão entre individualidade e coletividade

ALEXANDRE AGABITI FERNANDEZ COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Figura fundamental do cinema argentino contemporâneo, o diretor e roteirista Pablo Trapero é um atento observador da marginalidade.

Com um estilo pessoal, que fornece um retrato mais complexo de diferentes universos sociais do que aquele oferecido pelos meios de comunicação, seus filmes não fazem julgamentos, mas constatações que provocam reflexões.

Desta vez, o universo é a favela, espaço cheio de conflitos abordado com frequência pelo cinema brasileiro a ponto de constituir um subgênero. Mas "Elefante Branco" não é uma versão argentina de "Cidade de Deus", pois Trapero não estiliza a violência, não usa a linguagem do filme de ação para converter a miséria em espetáculo.

A referência principal para a construção do olhar de Trapero é a crueza do neorrealismo italiano. Isso fica claro nos planos-sequência que acompanham os personagens pelos becos da favela ou se detêm em seus rostos como que querendo escrutar suas dúvidas e angústias.

Julián (Ricardo Darín) e Nicolas (o belga Jérémie Renier) são dois padres muito diferentes entre si, que vivem e trabalham em uma enorme favela de Buenos Aires ao lado de Luciana (Martina Gusmán), uma assistente social.

A partir deste trio, o filme costura várias histórias que problematizam questões como a fé, a paixão, a vocação religiosa, a tensão entre individualidade e coletividade, o papel social da Igreja.

A narrativa avança com desenvoltura, intercalando intensidade e contemplação, em um espaço dominado por grupos de traficantes de drogas rivais, no qual as irrupções policiais são rotineiras. Mas na favela também há lugar para a solidariedade, cristalizada na luta pela urbanização do local, conduzida pelo trio de protagonistas.

Surpreendente, o final não só exacerba alguns dos mais importantes dilemas dos dois religiosos como deixa o espectador perplexo.


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