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Crítica Animação

Tim Burton costura obsessões estéticas

Em "Frankenweenie", diretor reúne traços de outros filmes para contar história de cachorro morto que volta à vida

ALEXANDRA MORAES EDITORA-ADJUNTA DA “ILUSTRADA”

"Frankenweenie" é uma espécie de "frankenfilme" de Tim Burton: reúne traços e obsessões estéticas recorrentes em produções do diretor -braços de "Edward Mãos de Tesoura" (1990), pernas de "Os Fantasmas Se Divertem" (1988), orelhas de "Vincent" (1982) e rosto de "Ed Wood" (1994) remendados no corpo do curta "Frankenweenie", rodado com atores em 1984.

A nova e ampliada versão, que chega aos cinemas neste Dia de Finados, é uma animação em stop-motion que cresce em 3D.

Conta, ao modo sombrio e delicado de Burton, a história de um menino solitário, Victor Frankenstein, que perde seu cachorro de estimação e tenta revivê-lo.

O que desperta a atenção do pequeno para a possibilidade de ressurreição é a aula de um professor -que já existia no curta embrionário de 1984. Se naquela ocasião era um docente qualquer, agora ele ganha cara de Vincent Price, jeito de Vincent Price e voz de Martin Landau.

Price, mestre dos filmes de terror e ídolo de Tim Burton, foi o intérprete, aliás, do inventor de Edward em "Edward Mãos de Tesoura", sua última atuação no cinema. Landau era o Bela Lugosi de "Ed Wood".

A mistura resultou num gracioso personagem secundário, capaz de despertar medo e simpatia. É como se a personalidade do professor, senhor Rzykruski, concentrasse a essência dos "monstros de bom coração" -como, em alguma medida, era a própria criatura de Victor Frankenstein segundo a imaginação da autora do livro sobre o "Prometeu moderno", Mary Shelley.

A confecção de personagens cuja profundidade consegue ir além dos recursos 3D é um dos trunfos do filme. Cada colega de Victor é pelo menos um pouco mais do que um tipo caricato.

É convincente e bonitinha a amizade quase sem palavras que trava com a vizinha -dublada por Winona Ryder e praticamente uma versão animada da Lydia vivida por ela "Os Fantasmas Se Divertem".

Há cenas inteiras decalcadas do curta original. Numa situação normal, poderia ser um demérito. Mas Tim Burton não é normal. Se andou se perdendo no excesso de maneirismos e "johnnydeppices" em filmes recentes, retoma em "Frankenweenie" um caminho familiar, mas nunca preguiçoso.

Afinal de contas, a vida transmitida às criaturinhas horríveis, ao cotidiano de subúrbio americano e às frustrações da infância demanda mais do que a descarga elétrica que acorda monstros na ficção.


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