Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Crítica Drama

"Magic Mike"é conto da carochinha com homens pelados

CÁSSIO STARLING CARLOS CRÍTICO DA FOLHA

O que pode um corpo? Para responder a essa pergunta que cerca o fascínio exercido pela perfeição física, na qual o termo "sarado" se tornou sinônimo de saúde, "Magic Mike" desce do olimpo das academias e busca um significado fácil.

Steven Soderbergh retoma a veia de "Sexo, Mentiras e Videotape" (1989), seu primeiro longa, para conferir a quantas anda a relação entre tesão, trapaça e a imagem ao alcance de todos.

Mas o filme fica bem aquém da demolição da aparência feita, por exemplo, na série "Nip/Tuck", ambientada na mesma Flórida embalada a anabolizantes e feromônios.

Channing Tatum, ex-modelo e astro emergente, faz o Mike do título, um cara que vive do apelo do seu corpão.

Trabalhador braçal de dia e stripper à noite num clube exclusivo para mulheres, Mike junta a grana que a mulherada enlouquecida coloca em sua sunga. Seu projeto é largar a vida dupla e abrir um negócio, uma empresa de móveis artesanais.

No caminho da desilusão, o gostosão encontra Adam, um perfeito idiota de 19 anos que logo incendeia as fantasias da plateia feminina do clube Xquisite.

E esbarra na ambição de Dallas, o dono do clube e stripper veterano que Matthew McConaughey encarna sem pudores de exibir em close a potência dos seus glúteos.

Entre a ingenuidade de Adam e o cinismo de Dallas, Mike percorre um arco que conduz o espectador da amoralidade do sexo casual ao final moralizante, em que o amor tudo salva. No caminho, o filme perde o que tem de mais provocante, além das cenas de nudez.

Mais que a "Ou Tudo ou Nada", comédia em que os homens tiravam a roupa para sobreviver aos efeitos da crise econômica, "Magic Mike" se aparenta a "Showgirls", retrato da ambição que envenenava a ideia de sucesso.

O filme de Soderbergh, contudo, prefere restituir a crença nos valores.

Depois de uma primeira hora que tira bom proveito da mistura de sacanagem e diversão, a segunda parte entra numa cruzada pelos bons costumes, mostrando que sexo fácil combina com drogas e leva a um universo sem saída ao qual só sobrevivem os pervertidos.

A opção conservadora transforma "Magic Mike" numa versão atual dos contos da carochinha, só que apimentado com muitas cenas de homens pelados.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página