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Música

CRÍTICA ROCK

Novo álbum de Neil Young é pouco coeso, mas ainda relevante

'Psychedelic Pill', seu 35º disco de estúdio, tem clima resignado e reafirma longa parceria com o Crazy Horse

ANDRÉ BARCINSKI CRÍTICO DA FOLHA

Neil Young é um artista imprevisível. Passa um tempo sem lançar nada, para logo surgir com várias novidades. Nos últimos meses, gravou um CD folk ("Americana"), publicou sua autobiografia, e agora lança "Psychedelic Pill", o 35º disco de estúdio.

O LP é o primeiro em nove anos que Young grava com o Crazy Horse, sua banda de apoio preferida e que o acompanha há mais de 40 anos.

O disco parece inspirado pelas digressões que Young teve de fazer para escrever sua autobiografia. As letras, na maioria, revisitam o passado e trazem uma atmosfera de resignação e tristeza com o mundo moderno.

A faixa que abre o disco, "Driftin' Back", é a canção mais longa que Young já gravou, com 27 minutos. Nela, o compositor lamenta o presente, quando "Picasso virou papel de parede" e "as coisas não soam como deveriam".

"Ramada Inn", a mais bela do disco, é outro épico -17 minutos- sobre um casal lidando com a ausência dos filhos crescidos.

Em "Twisted Road", Young celebra alguns de seus heróis: Bob Dylan, Hank Williams e o Grateful Dead. "She's Always Dancing" traz o Crazy Horse abdicando do barulho e tentando fazer uma música pop mais acessível. Seria a faixa "para tocar no rádio" do disco, se não durasse quase nove minutos.

Já "For the Love of Man" é uma balada que costumava aparecer em discos piratas de Young com o nome de "I Wonder Why" e foi composta há pelo menos 30 anos. Por que Young resolveu ressuscitá-la é um desses mistérios que só ele pode explicar.

Por fim, há "Walk like a Giant", mais um colosso, 16 minutos de riffs pesados, um refrão para cantar e assobiar junto, a desafinação das vozes do Crazy Horse colaborando para o clima de "jam session" que Young e seus três comparsas da banda sabem criar como ninguém.

"Psychedelic Pill" não é uma obra fácil. É um disco duplo, com três canções que, somadas, dão quase uma hora de som. Se fosse um CD simples, sem canções tolas como "Born in Ontario" e sem os exageros de duração de algumas faixas, resultaria mais enxuto e coeso.

Mas Neil Young nunca foi um artista de facilitar as coisas. Sempre fez o que quis.
E "Psychedelic Pill", apesar de não estar no panteão de seus melhores trabalhos, tem qualidades que ainda fazem de Neil Young um artista relevante.

PSYCHEDELIC PILL
ARTISTA Neil Young e Crazy Horse
GRAVADORA Reprise Records
QUANTO R$ 94,90
AVALIAÇÃO bom


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