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Peça usa riso para tecer crítica ao hedonismo

Montagem se vale de piadas típicas de comédias comerciais para alvejar incoerências da sociedade consumista

"O Feio", do alemão Von Mayenburg, mostra engenheiro que se submete a cirurgia para mudar suas feições

GUSTAVO FIORATTI DE SÃO PAULO

O espetáculo "O Feio", que entra hoje em cartaz em São Paulo, começa com um pé no besteirol. Roça piadas infantis sobre a feiura de seu personagem central e tem caracterizações típicas de uma comédia B.

Oportunamente, o gênero apresentado no início da peça se desmancha.

O que era engraçado adquire tons de pesadelo, conforme avança o texto do alemão Marius von Mayenburg, que ganha agora direção do italiano radicado em São Paulo Alvise Camozzi.

Com 40 anos de idade, Von Mayenburg conquistou alguns prêmios relevantes na Alemanha, entre eles o da Fundação de Autores de Frankfurt. Não é um criador de peças comerciais.

ALÉM DAS APARÊNCIAS

Numa primeira leitura, a peça é uma comédia que trata de "temas da moda", conta Camozzi. "Cirurgia plástica, sociedade hedonista, consumismo compulsório são, sem dúvida, elementos da primeira parte que serviriam a um programa de auditório."

O protagonista é um engenheiro da indústria automobilística (Rodrigo Lopez), competente, porém destituído de beleza -e, por isso, impedido de realizar a palestra de apresentação de um produto da empresa em que trabalha. Sua mulher (Malu Bierrenbach) não o olha no rosto nunca, os colegas de trabalho usam sua feiura para eventuais rasteiras. E então ele resolve fazer uma plástica. Mais bonito, vê sua vida mudar completamente.

Essa é "somente uma linha narrativa", explica Camozzi. "Quando o autor distorce sua arquitetura, ele nos permite afundar em outros percursos", analisa.

Quando usa a palavra "arquitetura", ele se refere principalmente ao desvio de linguagem, que passa a resvalar em uma ficção surreal quando o cirurgião plástico adota o rosto do protagonista como modelo para outras cirurgias.

"Entendo o culto à beleza como a homologação de gostos, um mecanismo de imposição do qual não conseguimos mais nos desvencilhar", reflete Camozzi. Eis, portanto, a questão.

O FEIO
QUANDO qui. e sex., às 21h
ONDE Sesc Consolação (r. vila Nova, 245; tel.: 0/xx/11/3234-3000)
QUANTO R$ 10
CLASSIFICAÇÃO 14 anos


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