Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Crítica artes visuais

Exposição de Adriana Varejão no MAM impressiona e seduz

Pinturas irretocáveis atraem não pela perfeição, mas pelo prazer da dor

FABIO CYPRIANO CRÍTICO DA FOLHA

A contundência do conjunto das obras apresentadas na exposição "Adriana Varejão - Histórias às Margens", em cartaz no MAM (Museu de Arte Moderna) de São Paulo, é impressionante.

O caráter agressivo na poética da artista, de uma violência que vem à luz de azulejos asseados ou de imagens de um Brasil idílico, criado por artistas viajantes como Frans Post (1612-1680), se torna uma nova narrativa sobre o país da cordialidade.

É o que se observa em obras como "Laparotomia Exploratória 1" (1996) ou "Carne à Moda de Frans Post" (1996), duas das 39 selecionadas pelo curador Adriano Pedrosa.
Em grande parte dos trabalhos na exposição, Varejão aponta que o conflito é camuflado, escondido, mas latente, visceral. Ele emerge, contudo, de entranhas sangrentas, tal como lavas de um vulcão em ebulição, como ocorre em "Azulejaria Verde em Carne" (2000).

Entretanto, não é só nessa temática de revisionismo histórico que toda a contundência da exposição se apresenta.

Varejão prova ser capaz de criar um imaginário condizente com essa questão, que se mostra tão explícito porque ela trata suas pinturas como corpos e não apenas como meras telas.

O impressionante nas obras de "Histórias às Margens" é perceber como a busca pela tridimensionalidade, que norteou parte da produção nacional dos anos 1960 e 1970, não busca a participação do espectador, mas o repele. Como cadáveres, no entanto, elas seduzem pelo prazer da dor e do exagero, a exemplo do que faz toda a estratégia da arte barroca.

Para criar tais efeitos, Varejão se mostra, do ponto de vista formal, impecável. Suas pinturas são irretocáveis e criam uma aparência realista perfeita. A técnica, no entanto, não é a questão essencial. É apenas um meio para a artista alcançar seus objetivos, o que a distingue do debate estéril sobre a pertinência da pintura.

Varejão não merece ser tratada apenas como ótima pintora, mas sim como grande artista.

O percurso, organizado em ordem quase toda cronológica, tem entre suas últimas obras quatro trabalhos recentes, como "Pratos com Mariscos" (2011). Grandes pratos de parede, com frutos do mar ou frutas, eles destoam da agressividade da mostra, mas podem sinalizar um novo caminho em desenvolvimento.

ADRIANA VAREJÃO - HISTÓRIAS ÀS MARGENS
QUANDO de ter. a dom., das 10h às 17h30, até 16/12
ONDE MAM (av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, parque Ibirapuera; tel. 0/xx/11/5085-1300)
QUANTO grátis
CLASSIFICAÇÃO livre
AVALIAÇÃO ótimo


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página