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Atriz leva até cuspe na cara em busca de atuação real

Hermila Guedes vive furacão sexual no filme "Era Uma Vez Eu, Verônica"

Pernambucana volta a trabalhar com o cineasta Marcelo Gomes, de "Cinema, Aspirinas e Urubus"

RODRIGO SALEM DE SÃO PAULO

Poucas atrizes brasileiras teriam a coragem de encarar um filme sobre uma jovem médica que transita entre a depressão e a voracidade sexual em questão de horas.

Mas a pernambucana Hermila Guedes assumiu o papel no drama "Era Uma Vez Eu, Verônica", de Marcelo Gomes, sem se deixar afetar por cenas de nudez ou pela bipolaridade da personagem.

"Quando li o roteiro, eu sabia onde estava me metendo", explica a atriz, que já passou por uma experiência similar de entrega em "O Céu de Suely" (2006), de Karim Aïnouz, no qual leiloava o próprio corpo.

"Foi uma experiência diferente de 'O Céu de Suely', porque, naquele filme, parecia que eu estava me desnudando. Agora, eu consegui separar a personagem dos meus problemas. Estou madura."

Aos 32 anos, Hermila é produto de uma geração interiorana do Nordeste, da pequena Cabrobó, educada por uma mãe rígida, mas que se viu livre, aos 20 e poucos anos, trabalhando como atriz de teatro no Recife. Uma dualidade que ela levou para sua Verônica.

"Havia uma crise na minha cabeça. Queria ser livre em uma capital, ficar e trepar com quem eu quisesse. Mas eu também ficava pensando no que as pessoas iriam falar, no que minha mãe diria", lembra a atriz, que acabou de vencer o Amazonas Film Festival, semana passada.

A atriz trocou de papel anos depois. Virou mãe de Celina, hoje com quatro anos. Por isso, escolheu não submergir na personagem, como geralmente faz em seus projetos.

"Tentei até ficar sozinha no hotel para me dedicar a encontrar a bipolaridade de Verônica, mas não consegui. Decidi dormir todos os dias em casa, em Olinda. Esse papel de mãe eu não consegui abandonar", confessa.

Ainda assim, foram dois meses e 12 horas diárias de filmagens e ensaios.

O cineasta Marcelo Gomes, exigente com seus atores, encontrou uma parceira ainda mais dedicada em Hermila, com quem trabalhou no premiado "Cinema, Aspirinas e Urubus" (2005).

A atriz ficou tão obcecada em encontrar a atuação perfeita que, em uma cena de "Era Uma Vez Eu, Verônica", na qual a médica leva uma cusparada de um paciente, ela pediu para ninguém fingir a situação.

"Eu nunca levei cuspe na cara na minha vida e minha reação no longa só faria sentido se eu levasse a cusparada de verdade. É muito nojento", diz Hermila. "Mas valeu a pena."


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