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Ornitorrinco volta em remontagem de espetáculo intimista
Apresentações em clima de cabaré trazem integrantes da formação original da trupe
O Teatro do Ornitorrinco tornou-se um grupo de teatro bissexto, brinca Cacá Rosset, um dos fundadores da companhia nos anos 1970.
Mas, embora os intervalos entre as apresentações tenham ficado cada vez mais espaçados, o grupo nunca acabou de fato, diz ele.
Marco do desbunde comportamental que chacoalhou as tradições cênicas paulistanas em uma época encurralada pela censura, o Ornitorrinco volta à cena com dois de seus integrantes principais, Rosset e a pianista Cida Moreira. Junta-se a eles o ator Antônio Carlos Brunet. O trio recupera um dos primeiros espetáculos da companhia, "Ornitorrinco Canta Brecht e Weill", de 1977.
Em clima de cabaré, as apresentações rapidamente esgotadas aconteceram de sexta a ontem na Casa de Francisca, que comporta 44 pessoas. Por isso, a casa abriu sessões nos dias 7 e 8. "Ficamos surpresos, e agora queremos voltar com mais frequência", diz Rosset.
Com perfil intimista, "o espetáculo recupera o clima das apresentações que fizemos no porão do teatro Oficina", conta o ator e diretor. "Esse é um espetáculo seminal do Ornitorrinco; ele determinou muita coisa da linguagem de nosso trabalho", diz.
Cida faz o acompanhamento ao piano. O repertório inclui algumas das mais famosas criações da parceria entre Bertolt Brecht e Kurt Weill, como "Surabaya Johnny" (da peça "Happy End"), "Jenny dos Piratas" (da "Ópera dos Três Vinténs") e "Balada da Dependência Sexual".
Na formação original, o espetáculo tinha no elenco Maria Alice Vergueiro e Luiz Roberto Galízia (1952-1985), além de Rosset e Moreira.
A relação com o circo, o cabaré, as artes performáticas e a psicodelia das animações vem de um estudo preliminar sobre as ideias de Brecht, que também começou escrevendo para cabaré, conta Rosset.
Nesta linha, as criações do Ornitorrinco abasteceram o espírito festivo de "Ubu, Folias Physicas, Pataphisicas e Musicaes", apresentado pela primeira vez em 1985 e com diversas reedições, e de "Sonho de Uma Noite de Verão" (de 1992), adaptação de Shakespeare para o Delacorte Theatre do Central Park. No Brasil, a peça permaneceu em cartaz por mais de dois anos.
