Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Apogeu e queda da revista 'Manchete' é tema de livro

Volume narra a trajetória da empresa de comunicação criada por Adolpho Bloch

Arnaldo Niskier, autor da obra, trabalhou por 37 anos no grupo e diz que investimento na TV foi a causa da derrocada

FABIO BRISOLLA DO RIO

Corria o ano de 1955 quando um repórter iniciante da revista "Manchete Esportiva" tomou uma atitude ousada: pediu ao todo-poderoso Adolpho Bloch, dono à época de amizades influentes e de um conglomerado de comunicação, que fosse seu fiador em um apartamento que iria alugar.

Mesmo sendo um desconhecido para o dono da editora, o jovem funcionário conseguiu o avalista, que fez uma ressalva: "Se você não pagar [o aluguel em dia], corto seus ovos, hein!".

Quase 60 anos depois, a história é uma das muitas contadas por Arnaldo Niskier, hoje membro da Academia Brasileira de Letras, no livro "Memórias de um Sobrevivente - A Verdadeira História da Ascensão e Queda da Manchete".

Niskier dedica o livro aos 1.800 funcionários das empresas Bloch que, em 2000, tiveram suas atividades "abruptamente encerradas" por conta de um pedido de falência do grupo feito à Justiça.

O grupo Bloch publicava as revistas "Manchete", "Fatos e Fotos", "Ele & Ela", "Amiga" e "Desfile". Além da editora, faziam parte da organização gráficas, emissoras de rádio e uma rede de TV.

O escritor e jornalista acompanhou de perto o auge e o declínio do grupo de comunicação criado por Adolpho Bloch, judeu de origem russa que deixou seu país após a Revolução de 1917 e desembarcou no Rio em 1922.

"O Adolpho foi o maior brasileiro nascido na Rússia. Ele era um patriota, que amava o Brasil", elogia o autor, que trabalhou por 37 anos nas publicações da editora. Começou como repórter e chegou à direção da revista "Manchete".

No auge, entre os anos 1970 e 1980, a revista "Manchete", principal publicação do grupo, chegou a atingir uma tiragem semanal de 350 mil exemplares.

Suas edições especiais de Carnaval, repletas de fotos dos bailes e desfiles do Rio, esgotavam em poucas horas.

Niskier conta que a editora acumulava US$ 25 milhões em caixa até que Bloch decidiu investir em uma emissora de TV. "Foi o grande erro dele", avalia. "Apenas com a aquisição de filmes, gastou US$ 16 milhões."

A Rede Manchete foi inaugurada em junho de 1983, iniciando a partir daí uma trajetória com alguns acertos, como a novela "Pantanal" (1990), e muitos programas de baixa audiência.

Em 1999, a concessão da emissora foi vendida para o empresário Amílcare Dallevo, que fundou com Marcelo de Carvalho a RedeTV!.

A troca de comando também marcou o início de uma disputa judicial para decidir se os novos donos herdariam as dívidas da emissora.

Bloch morreu em novembro de 1995, antes de seu império chegar ao fim.

Pressionado pelas contas a pagar após lançar a TV, ele desconcertava seus interlocutores com algumas de suas frases características, como "Ouço todo mundo, mas só faço o que quero" e "O dinheiro é uma simples questão de contabilidade".


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página