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Carnegie Hall, em NY, recebe show de Paulinho da Viola

Músico se apresentou na famosa casa de espetáculos anteontem com repertório que resumiu 70 anos de vida

Artista lutou contra afinação ruim de seus instrumentos, mas pôs público para sambar apesar do local formal

FRANCISCO QUINTEIRO PIRES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE NY

O drama de Paulinho da Viola em sua estreia no Carnegie Hall foi resumir 70 anos de vida em uma hora e 45 minutos. O compositor apresentou em Nova York, na quarta (28), um repertório de homenagens. Do samba ao choro, Paulinho quis mostrar quem ele é, e foi, em 28 músicas.

Ele começou de pé, dedilhando "Timoneiro" no cavaquinho. Em seguida, só com o apoio do pandeiro cantou "Cenários", uma reverência a escolas de samba do Rio.

A essa altura era possível perceber que o volume estava baixo demais até para um espaço de atmosfera intimista. Sua voz ressoava abafada. Os instrumentos se escondiam.

No decorrer da apresentação, o sambista ficou insatisfeito com a afinação do violão e do cavaquinho. Lutou para ajustá-los. "É difícil afinar, desculpem", disse. Uma voz de sotaque carregado gritava "Feliz Aniversário" e, assim, preenchia o silêncio.

"Sei Lá, Mangueira", imortalizada por Clementina de Jesus, iniciou as homenagens aos ídolos. No bis, Paulinho entoou a capela cânticos que Clementina, quando criança, escutava do pai.

Chegou o banquinho, e Paulinho trocou o cavaco pelo violão. Vieram "Onde a Dor Não Tem Razão", "Pecado Capital", "Brancas e Pretas" e "O Tímido e a Manequim".

Antes de cantar "Nervos de Aço", ele se dirigiu pela primeira vez ao público e falou da importância do compositor Lupicínio Rodrigues.

"As Rosas não Falam", de Cartola, foi uma das mais aplaudidas. "Fui um dos primeiros a escutar essa canção." No partido-alto "Filosofia do Samba", ele trouxe à memória um dos portelenses mais ilustres, Candeia.

"Roendo as Unhas" e "Sinal Fechado", compostas há cerca de 40 anos, fizeram Paulinho lembrar o desconforto que causaram. "Quando foram lançados, esses sambas provocaram polêmica. Eram um pouco diferentes. Críticos não gostaram; alguns amigos, também não."

Os chorões são o alicerce de Paulinho. Em quatro composições, ele homenageou Jacob do Bandolim ("Inesquecível"), Waldir de Azevedo ("Um Choro pro Waldir"), Radamés Gnattali ("Sarau para Radamés") e Pixinguinha ("Cochichando").

Terminou a noite com "Foi um Rio que Passou em Minha Vida", seu hino. O público ignorou a sisudez do Carnegie Hall e sambou nos corredores.


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