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Espetáculo com Pedro Cardoso cria improvisos em cena aberta

Em "Uãnuêi", ator e sua mulher Graziella Moretto atuam a partir de temas propostos na hora

Peça tem duas partes, cada uma com meia hora; a primeira das histórias é criada com sugestão do público

GUSTAVO FIORATTI DE SÃO PAULO

No teatro, Pedro Cardoso não gosta de trabalhar com diretores, disse ele em entrevista à Folha sobre "Uãnuêi - Esta Noite se Improvisa", peça que já fez temporada no Rio e agora chega a São Paulo. O espetáculo de improvisos em que atua com sua mulher Graziella Moretto está em cartaz no teatro Renaissance.

Para Cardoso, o diretor de teatro tem "desespero por fixar a forma", e essa afirmação ganha uma explicação peculiar: "como ele não está no palco e quer ser o dono da ideia, todo diretor de teatro tem uma enorme tendência a formalizar um único momento da beleza que ele supõe estar sendo criada ali", diz.

"Aquele momento", prossegue Cardoso, "pode corresponder à realidade de um dia, mas não corresponderá à realidade do dia seguinte. É por isso que eu não gosto muito do diretor de teatro." Sem direção e sem texto prévio, o ator afirma se sentir mais livre para dizer o que lhe vem à cabeça. "O improviso é a liberdade de criação, um 'free jazz' em que você dá voz ao seu primeiro impulso".

Improviso também é o trabalho por excelência dos palhaços. Nos últimos anos, proliferaram por São Paulo os jogos de cena determinadas pelo jorro da espontaneidade. O projeto "Jogando no Quintal", em que times de palhaços competem entre si e os melhores improvisos são escolhidos pelo público, é um desses experimentos com sólida carreira na cidade.

Pela experiência da temporada no Rio, "Uãnuêi" tende a ser cômico também, com histórias criadas na hora a partir de duas sugestões: um tema vem da plateia, o outro é escolhido pelos intérpretes. O espetáculo tem duas partes de meia hora, cada uma dedicada a um dos assuntos.

"Solidão" e "Ser Casado com uma Feminista" são exemplos de temas desenvolvidos na temporada carioca.

Cardoso e Moretto, cada um com seu caminho, sempre deixaram aberturas para improvisos em seus espetáculos. "Digamos que 80% da peça ficava pronta e 20% variava", conta. "Se a estrutura é rígida e a plateia muda, o espetáculo quebra, e, ao quebrar, os artistas falseiam que não quebrou", explica.


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