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Crítica drama

Tenso e delicado, "Sudoeste" é um filme cult a ser descoberto

THALES DE MENEZES EDITOR-ASSISTENTE DA “ILUSTRADA”

Se o espectador entrar no jogo lúdico e lento que o cineasta Eduardo Nunes propõe em seu primeiro longa, "Sudoeste", poderá encontrar uma experiência cinematográfica de muita beleza.

Ter recebido, entre outros, o Prêmio Andrei Tarkóvski -em festival na Rússia- acaba fazendo muito sentido. "Sudoeste" é construído com longas e plásticas sequências nas quais pouco acontece. Ou seja, puro Tarkóvski.

Os silêncios são valorizados, a ponto de a primeira palavra ser dita com mais de dez minutos de projeção.

Nessa parte inicial, há momentos em que o clima é de filme de terror, marcado pela bela fotografia em preto e branco de Mauro Pinheiro Jr. e a soturna trilha sonora.

O enredo começa com uma moça grávida morrendo numa cidade pequena e letárgica, indefinida no litoral brasileiro. O bebê, uma menina, é levado por uma mulher temida no local, considerada por muitos uma bruxa.

Nas primeiras horas da manhã, a criança, chamada Clarice, já aparenta ter uns oito anos. Fica claro que ela deverá se tornar adulta ainda durante o dia, estabelecendo uma cumplicidade entre filme e plateia, em nome de uma fantasia delirante.

O filme agrupa atrizes em grandes desempenhos. Desde a intérprete infantil de Clarice, a expressiva Raquel Bonfante, até sua versão adulta, uma enigmática personagem para Simone Spoladore.

Dira Paes e Mariana Lima tem papéis curtos, mas intensos, como mulheres do lugar que cruzam com Clarice.

Os muitos prêmios recebidos, entre eles três no Festival do Rio no ano passado, credenciariam "Sudoeste" a um público maior. Mas a aridez da narrativa em mais de duas horas limitam sua estreia em São Paulo a uma sala no circuito de arte.

Nascido "cult", merece ser descoberto. Poderia ser mais curto, palatável, mas, entre tensão e delicadeza, cativa.


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