Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Dustin Hoffman, 75, estreia na direção

Com elenco formado por veteranos ingleses, "O Quarteto" acompanha cantores líricos em uma casa de repouso

Baseado em peça de Ronald Harwood, ganhador do Oscar, filme deve ser lançado no Brasil em 1º de março

FRANCISCO QUINTEIRO PIRES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

Após quase 50 anos dedicados à carreira de ator, Dustin Hoffman decidiu estrear na direção ao reconhecer uma necessidade inadiável. "Cheguei a uma altura da minha vida em que me pergunto o que deixei de fazer e por quê. Concluí que, se não agisse imediatamente, perderia para sempre essa chance", diz Hoffman, 75, à Folha.

Diretor de "O Quarteto", que estreia no Brasil em 1º de março, ele superou um trauma criado em 1977. Naquele ano começou a dirigir "Liberdade Condicional", mas foi substituído por Ulu Grosbard.

Apesar de exigente, a função é sedutora. "Diretores não precisam pedir licença, pois ocupam uma prazerosa posição de comando", afirma. "Ao mesmo tempo, devem transigir. Um dia de gravação perdido por problemas com atores ou equipamento custa muito dinheiro."

"O Quarteto" acompanha o cotidiano de quatro cantores líricos em uma casa de repouso. Eles têm de cantar "Rigoletto", ópera de Verdi, em um evento beneficente para sanear as contas do asilo.

A história é baseada na peça de mesmo título de Ronald Harwood, ganhador do Oscar de melhor roteiro adaptado em 2003 pelo filme "O Pianista", de 2002.

Hoffman convidou cantores e músicos aposentados para serem coadjuvantes. Alguns deles estavam fora dos palcos havia quase 40 anos. "Eles viveram décadas na invisibilidade depois de terem sido estrelas de primeira grandeza."

TERCEIRA IDADE

O elenco de "O Quarteto" é formado por atores ingleses como Maggie Smith, que também atuou em "O Exótico Hotel Marigold" (2012), outro longa-metragem de protagonistas idosos.

Hoffman atribui a um problema cultural o fato de Hollywood ter evitado nas últimas décadas personagens da terceira idade. "As pessoas ignoram os idosos para não encarar a ideia de mortalidade."

A dificuldade de aceitar o envelhecimento surge com o retorno recente de atores veteranos como Arnold Schwarzenegger, Sylvester Stallone e Bruce Willis a filmes de ação. "Esse é o jeito que eles encontraram de realizar algo novo ou de apenas aprimorar o que fizeram a vida inteira. Por sorte não me encaixo nessa categoria."

VIOLÊNCIA

Embora tenha encarnado personagens truculentos, como Max Dembo em "Liberdade Condicional", Hoffman faz restrições ao entretenimento baseado em agressividade. Para ele, os filmes violentos afetam negativamente o atual debate sobre a relação da sociedade com armamentos. "Essas obras podem legitimar a sensação de poder criada pelas armas", afirma.

Duas vezes ganhador do Oscar de melhor ator -em 1980, por "Kramer vs. Kramer", e 1989, por "Rain Man"-, Hoffman recebeu em dezembro passado a Kennedy Center Honor, uma das maiores honrarias dadas a artistas americanos. Barack Obama foi à cerimônia.

Para o diretor estreante, as ações e o comportamento do primeiro presidente negro dos Estados Unidos "infelizmente não influenciam o cinema atual". "A prioridade de quem coloca dinheiro em filmes é saber se o investimento vai dar retorno."


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página