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Club Noir troca abstração por crítica social

Grupo dirigido por Roberto Alvim encena a partir de hoje "Agronegócio" sem abrir mão da estética minimalista

Ambientado em uma plantação de cana-de-açúcar, texto lança foco sobre cabeça decepada que continua a falar

MARCIO AQUILES DE SÃO PAULO

A temática do espetáculo "Agronegócio", que estreia hoje dentro da Mostra Brasileira de Dramaturgia Contemporânea, impõe um novo desafio à companhia Club Noir.

Não apenas pela brasilidade evidente e pelo tom de crítica social do texto, traços inabituais nas montagens do grupo. O "tour de force" é para adequar esse conteúdo aos preceitos estéticos continuamente retrabalhados pelo diretor Roberto Alvim desde a criação da trupe.

"O texto se insere na linhagem de peças sociológicas. Mas não abrimos mão do formalismo na hora de encená-lo", afirma Alvim.

"Agronegócio" retrata o assassinato do proprietário de uma plantação de cana-de-açúcar. O inusitado é que sua cabeça decepada insiste em continuar a falar.

"A voz do patrão é uma metáfora para o discurso do poder, sempre idêntico. O canavial acaba por se transformar na representação do mundo", explica o diretor.

Alvim identificou os matizes da retórica presente no texto de Marco Catalão, vencedor do Prêmio Luso-Brasileiro de Dramaturgia em 2010, e os emoldurou dentro de seu projeto minimalista.

"A peça exige decisões absolutas de encenação, devido à sua estrutura árida. Trabalhamos com uma modelação rítmica mais contrastante e com os planos vocais", descreve ele.

O espetáculo segue a concepção adotada pela companhia como filosofia: penumbra no palco, elementos pontuais de luz, movimentação reduzida do elenco e foco na dicção. Mantendo sua assinatura estética, a companhia arrisca e inova mais uma vez.

"Criticam a similaridade entre nossas montagens, que na verdade são bem diferentes. Seguem a mesma linha, mas são distintas, como cada quadro do Jackson Pollock é diferente do outro. Cada elemento é pensado, como cada quadrado de uma tela de Mondrian tem sua função", compara Alvim.


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