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Brasil não comemora indicação há nove anos

Última vez que país esteve no Oscar foi com "Cidade de Deus", de Fernando Meirelles

RODRIGO SALEM DE SÃO PAULO

Oscar, agora, só no ano que vem. E em 2014, o Brasil pode atingir uma marca triste em relação à cerimônia: serão dez anos desde a última vez que o país disputou as categorias principais do prêmio.

Na edição 2013, que aconteceria ontem, "O Palhaço", de Selton Mello, nem alcançou a pré-lista com 15 indicados.

Apesar de obras terem chegado à festa recentemente, como "Lixo Extraordinário" e "Rio", que disputaram nas categorias documentário e canção, nenhuma é inteiramente brasileira -a segunda é do estúdio americano Fox.

O país esteve representado mesmo em 2004, quando "Cidade de Deus", de Fernando Meirelles, foi lembrado em quatro categorias principais: fotografia, direção, montagem e roteiro adaptado.

Para a maioria dos indicados ao prêmio mais famoso do cinema, a ausência do país não representa uma queda na qualidade da produção.

"Há um rodízio. A bola da vez é o Chile [indicado a filme estrangeiro por "No"]", diz César Charlone, diretor de fotografia de "Cidade de Deus".

"É preciso estar com o filme certo na hora certa. Também creio que conseguir uma indicação não está entre as prioridades do nosso cinema", reforça Fernando Meirelles.

FILME ESTRANGEIRO

Na categoria de filme estrangeiro, o desaparecimento das produções brasileiras é ainda maior. O país não emplaca um representante desde "Central do Brasil", de Walter Salles, que também rendeu uma indicação a Fernanda Montenegro na categoria de atriz, em 1999.

Três anos antes, "O Quatrilho", de Fábio Barreto, já havia sido indicado à categoria, e, em 1998, seu irmão, Bruno Barreto, emplacou "O Que é Isso, Companheiro?", marcando a década mais presente do cinema nacional no Oscar.

"A partir de meados dos anos 1990, a maioria dos filmes brasileiros se preocupava em investigar a identidade de um país combalido pelo trauma dos anos Collor", diz Salles.

"Os filmes tentavam responder às questões inerentes ao tema: quem somos, de onde viemos, para onde vamos. Hoje, o foco mudou, e a ocupação do mercado se tornou o que justifica a existência de boa parte da produção."

Bruno Barreto, por sua vez, crê que a ausência do país é mais técnica. "Não adianta ter dinheiro, tecnologia, bons atores e diretores. Sem um bom roteiro não se faz um bom filme", afirma.

"Os diretores e produtores só começaram a entender o processo de desenvolvimento de um roteiro recentemente. É consequência do mito do cinema de autor que governou nossa atividade."

O FUTURO

Apesar de os indicados serem claros em relação à importância do Oscar, todos são unânimes em ressaltar que uma cinematografia não pode ter como objetivo o prêmio. E talvez assim o Brasil volte a fazer parte da festa.

"Considero 'O Som ao Redor' o mais importante filme brasileiro dos últimos dez anos. Ele propicia aquilo que é fundamental para a cultura de um país: uma memória", exalta Salles.

"É preciso um filme com um tema que, mesmo rodado localmente, seja universal para tocar um júri que desconhece as especificidades do nosso país e da nossa cultura", diz Fernando Meirelles.

"Dinheiro e estratégia para a promoção também pesam."


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