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Diretor do MAR quer inverter eixo cultural da cidade

Paulo Herkenhoff programou cursos e parceria para atender 200 mil estudantes da rede municipal por ano

Escola do Olhar destina ao setor educativo área quase igual à de exposições e é aposta para atrair visitantes

DO ENVIADO AO RIO DO RIO

"Não queremos um museu que seja vitrine, não é um museu dos grandes fetiches, dos recordes de aquisição, mas onde as coisas entram porque podem produzir algum sentido. É um museu de produção de pensamento."

Essa é a defesa entusiasmada de Paulo Herkenhoff, diretor cultural do Museu de Arte do Rio (MAR). Ele fala do espaço com a empolgação de alguém prestes a concretizar um sonho. "Prometi a mim mesmo que não trabalharia mais em museus, mas não resisti a esse projeto", confessa.

No total, ele já dirigiu sete instituições de arte, como o Museu de Arte Moderna do Rio, entre 1985 e 1990, e o Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), entre 2003 e 2006. Foi também curador no Museu de Arte Moderna de Nova York, o MoMA, de 1999 a 2002.

Para o MAR, ele tem planos ambiciosos. Quer dar uma virada conceitual na produção cultural da própria cidade: "O Rio é pensado do centro para a zona sul, que é a região dos que sabem, dos que têm acesso. Nosso propósito é estabelecer um caminho geográfico inverso, do centro rumo às zonas norte e oeste".

Para tanto, o novo museu tem em seu eixo um "arco educativo", cujo destaque é o atendimento a estudantes da rede de ensino municipal, programa que Herkenhoff diz ter buscado implementar durante sua gestão no Museu Nacional de Belas Artes.

"Há dez anos, quis fazer um programa para atender 200 mil crianças e me puxaram o tapete", conta.

"Puxar o tapete", para o curador, quer dizer que "o dinheiro foi negado". O diretor do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), José do Nascimento Júnior, na época responsável pelo departamento de museus do MinC, contesta-o: "Nunca recebi dele um projeto formal para o educativo do Belas Artes, e esse é um assunto ultrapassado".

Polêmicas à parte, o projeto educativo no MAR concretiza-se no edifício voltado a essa função, denominado Escola do Olhar. Ela tem quase a mesma área do espaço expositivo e tem como uma de suas metas atender 200 mil estudantes por ano.

Mas Herkenhoff pretende ir além desse objetivo: "O Rio tem 1.067 escolas, é a maior rede pública do país; por isso, vamos trabalhar extramuros, em rede, para que cada criança vá a um museu por ano".

A Escola, entretanto, não atenderá só a rede municipal, mas terá convênios com universidades, cursos profissionalizantes em produção de exposições para adolescentes das comunidades locais, sediará cursos de curadoria e terá residências artísticas.

"Não se trata de criar um corpo burocrático com funcionários donos de seus espacinhos. Isso é um museu onde o pensamento é vivo", defende o diretor.

Assim, a estrutura do MAR é enxuta: além do pessoal da área administrativa, há apenas uma curadora, Clarissa Diniz, e uma gerente de educação, Janaína Melo, que trabalha com 40 mediadores, já contratados.

Algumas das futuras exposições terão curadores convidados, desde que eles "tenham uma relação mínima ou nenhuma com o mercado de arte", diz Herkenhoff.

Entre os nomes que já confirmaram presença estão alguns de prestígio internacional, como o historiador francês Georges Didi-Huberman e o venezuelano Luis Pérez-Oramas, curador da 31ª Bienal de São Paulo.

Herkenhoff acompanhou a reportagem da Folha por quase três horas, em um passeio por todos os espaços do museu. No final, ele fez questão de subir na laje em formato de mar que recobre os dois edifícios. Lá, por causa do barulho do vento, ele apenas sorriu, como um navegante otimista que dá início a uma viagem sem fim conhecido. (FABIO CYPRIANO E MARCO AURÉLIO CANÔNICO)

Leia íntegra da entrevista com Paulo Herkenhoff:
folha.com/no1237631

Assista a vídeo sobre as obras do MAR:
folha.com/no1237649


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