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Crítica música erudita

Osesp começa o ano com virtuosismo

Tocando Ravel, pianista francês Jean-Yves Thibaudet foi o destaque na abertura da temporada

SIDNEY MOLINA CRÍTICO DA FOLHA

A presença do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do prefeito da capital paulistana, Fernando Haddad, juntos em um concerto de música clássica pela segunda vez na mesma semana parece ratificar uma intenção de cooperação.

Na abertura da temporada da Osesp, anteontem na Sala São Paulo, a ida de ambos foi ressaltada por Fernando Henrique Cardoso -que falou em nome da Fundação Osesp- e pela regente titular, Marin Alsop.

O fato aponta também para o reconhecimento de um impacto maior da música clássica na cena cultural.

Aberta aos dilemas contemporâneos, rigorosa na busca de qualidade e acoplada a projetos educacionais, ela aos poucos deixa de ser apenas um reduto elitista.

Houve ousadia no programa: em vez de uma peça curta, um concerto com solista e uma sinfonia -como é usual-, a noite abriu e fechou com poemas sinfônicos de Richard Strauss (1864-1949), tendo música francesa entre eles.

O poema sinfônico é a tentativa da música ir além de si mesma, é uma sinfonia que busca abarcar matrizes literárias e filosóficas. Em "As Alegres Travessuras de Till Eulenspiegel", Strauss evoca as histórias do lendário trapaceiro Till através de um anguloso solo de trompa usado como refrão.

Já em "Assim Falou Zaratustra" é o livro de Nietzsche (1844-1900) que vira sinfonia.
São duas obras virtuosísticas, ainda mais tendo em vista os andamentos escolhidos por Alsop. A sonoridade dos graves esteve envolvente, como no solo das violas em "Till".
Mas o ponto alto foi o "Concerto para Piano em Sol Maior" de Maurice Ravel (1875-1937), solado com classe e inteligência pelo francês Jean-Yves Thibaudet (que fez o "Noturno op. 9 nº 2", de Chopin, como bis).

Strauss é definitivamente um poeta das sombras e, nesse sentido, talvez Ravel esteja mais próximo do discurso solar de Nietzsche. E ninguém tem culpa se o "Concerto em Sol" roubou o espaço de "O Iluminado", bela composição de Guillaume Connesson.

Nietzsche afirma amar "aquele que faz da virtude seu pendor e sua fatalidade". Para entender é preciso ouvir Thibaudet tocar o "Adágio" de Ravel.

CONCERTO DA OSESP
AVALIAÇÃO ótimo


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