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Diário de Nova York

O MAPA DA CULTURA

Bandeira branca, terror

O Detecta não viu os alemães na ponte

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES

DUAS BANDEIRAS brancas amanheceram hasteadas no topo da ponte do Brooklyn, no mês de julho, onde antes tremulava a flâmula americana. A novidade surpreendeu a cidade e gerou especulações sobre sua origem.

Difícil saber quem teria feito aquilo, mas parte da imprensa logo se preocupou com o que parecia ser uma falha de segurança na prevenção ao terrorismo. Como um dos cartões-postais nova-iorquinos poderia ser tão vulnerável? E se tivessem colocado uma bomba?

Um mês depois, dois artistas alemães, Mischa Leinkauf e Matthias Wermke, assumiram o "atentado", que teria sido, segundo disseram, uma celebração à "beleza do espaço público" e à ponte suspensa --uma criação do engenheiro John Roebling, nascido na Alemanha.

Nova York voltou a se preocupar com o terrorismo --e desta vez a sério-- depois que dois jornalistas norte-americanos foram degolados pela milícia radical Estado Islâmico. As imagens na TV do algoz mascarado, faca em punho e discurso ameaçador, reavivaram o fantasma da Al-Qaeda.

E foi nas rememorações do 11 de Setembro que Barack Obama aproveitou o ensejo para anunciar uma ofensiva militar contra o EI --logo ele, o presidente que se elegeu com promessas de encerrar as ações militares no Oriente Médio e que lançou recentemente uma nova política externa, segundo a qual os EUA deixariam de se meter em atoleiros como Iraque e Afeganistão.

O presidente falou em coalizão com outros países, em intensificar bombardeios aéreos, em armar e treinar rebeldes sírios, mas evitou chamar a coisa --que tem cheiro e cara de guerra-- de guerra. O argumento é que não haveria envio de tropas terrestres.

Pesquisas mostraram que os americanos até apoiariam o plano de Obama, mas sem soldados no chão. Mas isso seria possível? Difícil: em depoimento ao Senado, o general Martin Dempsey já declarou que a depender do cenário, o Pentágono recomendará à Casa Branca a participação de forças terrestres na luta contra o EI.

O DETECTA EM AÇÃO

Vendido na propaganda de Geraldo Alckmin como a última das maravilhas contra o crime, o sistema inteligente e integrado de câmeras de vigilância de Nova York (em São Paulo apelidado de Detecta), foi desenvolvido pelo Departamento de Polícia e pela Microsoft para servir, basicamente, de arma tecnológica na prevenção do terrorismo. Não flagrou os alemães escalando a torre da ponte do Brooklyn, mas em tese é capaz de detectar ações suspeitas e emitir alertas em tempo real.

O Departamento de Polícia é sócio da empresa na comercialização do sistema para outras cidades do país ou do exterior, ficando com 30% do valor das vendas.

ARTE DO ORIENTE MÉDIO

Continua em cartaz até o fim do mês, no New Museum, uma ampla e interessante mostra com a participação de quase 50 artistas de 15 países do chamado "mundo árabe" --um esforço, segundo a curadoria, de exibir um universo estético ligado a urgências da cena regional e global.

A exposição chama-se "Here and Elsewhere" (aqui e em outros lugares), título tomado de empréstimo de um filme de Jean-Luc Godard, de 1976, que nasceu como como um documentário pró-palestino, mas evoluiu para uma reflexão sobre a ética da representação e das imagens como instrumento de consciência política.

Embora em alguns casos os artistas não ultrapassem a ilustração do factual tenebroso, há muita coisa interessante para ver, que transcende o previsível discurso artístico engajado e inquieta o público com inteligência e sofisticação.

ALTA TEMPORADA

O verão se foi, já sopra um vento fresco, as bermudas somem das ruas e a temporada cultural se agita. Nesta semana, Laurie Anderson faz duas apresentações no BAM, no Brooklyn, mesmo lugar em que Caetano Veloso apresenta seu "Abraçaço".

Para quem quiser se informar sobre o que vem pela frente, o "New York Times" publicou um guia com 100 eventos da estação. Para os que se ligam em arte, a dica é o site e o aplicativo NY Art Beat, que lista 600 programas em museus e galerias --e permite buscas por categoria, localização e datas.

Despeço-me aqui do "Diário do Nova York". No mês que vem estarei de volta à Pauliceia. Foi bom enquanto durou.


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