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Códigos de ações afetam decisões de investimento

As combinações de letras simples ou divertidas são as mais eficazes

Psicóloga aponta a relação na escolha dos papéis; analistas lembram que avaliação deve ser criteriosa

ANDERSON FIGO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os códigos das ações na Bolsa de Valores (combinação de letras e números que dá nome ao papel) podem influenciar a decisão de investimento, embora este processo passe despercebido pela maioria das pessoas que aplicam em renda variável.

De acordo com a psicóloga Natacha Braz, do ICCI (Instituto de Pesquisas, Ciências Cognitivas e Informações), a tomada de decisão compõe-se em três etapas: perceber, avaliar e escolher.

A influência do código da ação, segundo a psicóloga, ocorre na etapa de percepção, e é guiada pela fluência cognitiva --processo de assimilação da informação de forma fácil, rápida e eficaz.

Cada código é representado por quatro letras, que fazem alusão ao nome da empresa ou ao serviço que ela oferece.

Essa sigla, segundo Natacha, é fundamental para a fluência cognitiva da ação.

"Quanto mais simples for a mensagem, maior será a probabilidade de guardá-la na memória de curto prazo para pensá-la ou projetá-la", explica.

CONEXÃO

Na prática, as ações com boa fluência cognitiva são as cujos códigos remetem imediatamente à imagem da companhia, assim que o aplicador bate os olhos na combinação de números e letras.

É o caso, por exemplo, da mineradora Vale, cuja ação mais negociada na BM&FBovespa é representada pelo código VALE5.

O código HGXT3, em contrapartida, é um exemplo de ação sem fluência cognitiva. "Quem lê essa combinação não consegue imaginar que ela representa a marca de vestuário Hering", diz o economista Waldir Kiel, da corretora H. Commcor.

Há também os códigos que remetem de alguma maneira ao setor de atuação da empresa. A ação MILK11, por exemplo, contém a palavra leite em inglês e representa a Laep, dona da marca Parmalat.

"Para que se consiga fazer essa associação, são necessários outros fatores, como a capacidade intelectual", diz Natacha.

"Cada pessoa integra as informações do seu jeito, alguns conseguem formar a relação, outros, não."

Segundo a psicóloga, palavras de fácil pronúncia tendem a provocar menor sensação de risco do que as mais complexas.

"Se você tivesse que escolher entre dois produtos perigosos (fictícios), qual você acredita que seria o menos tóxico: oliou ou metatifectoxileno? Geralmente as pessoas optariam pelo primeiro", exemplifica.

De acordo com ela, a mesma relação ocorre com os nomes das ações.

CUIDADOS

Analistas consultados pela Folha lembram, no entanto, que influenciar é diferente de definir.

Antes de comprar uma ação, é preciso avaliar os fundamentos da empresa, como resultados financeiros e o desempenho operacional, além de verificar a oscilação do papel nos últimos anos.

"Na Bolsa há muito mais psicologia do que se pensa", diz Samy Dana, professor da FGV. Um caso clássico são os indicadores econômicos, segundo ele.

"Dias antes da divulgação de um dado, o mercado já fez suas projeções e ajustou seus investimentos. Quando o resultado é divulgado, as aplicações irão reagir de forma positiva ou negativa não pelo número final, mas por ele ter vindo melhor ou pior que o esperado."


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