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Aprendendo a empreender nos CEUs

Programa da prefeitura tem como meta capacitar 3.000 pessoas em regiões carentes da cidade de São Paulo

Em cursos de oito horas de duração, alunos aprendem a identificar habilidades e a montar plano de negócios

FILIPE OLIVEIRA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Um salão de beleza em domicílio para o público masculino, bares em que se pode levar a família ou uma loja de bolos decorados feitos sob encomenda.

Essas são algumas oportunidades de negócio no Campo Limpo, zona sul de São Paulo. Elas foram definidas por uma classe que se reuniu no sábado passado no CEU (Centro de Educação Unificada) do distrito.

Com apostilas abertas sobre a mesa, estavam 15 microempreendedores ou pessoas que querem se preparar para abrir um negócio.

O curso, chamado "8 Passos para o Microempreendedorismo", pretende capacitar gratuitamente 3.000 alunos em aulas como essa em regiões carentes da cidade de São Paulo. As primeiras aconteceram neste mês, aos finais de semana, em CEUs.

A iniciativa faz parte de parceria da Secretaria Municipal do Trabalho e Empreendedorismo com as organizações São Paulo Confia, de microcrédito, e o Instituto Mercadológico das Américas, especializado em capacitação profissional.

Em oito horas de aula, os alunos recebem noções básicas como aprender a montar planos de negócios, e deixam aflorar qualidades, ideias e dificuldades para a criação de uma empresa.

A seguir, o professor os ajuda a examinar a viabilidade do plano, as oportunidades encontradas e os custos para se iniciar o negócio.

Durante a aula, os alunos ouvem histórias de pessoas que começaram do nada e atingiram o sucesso: caso de David, conhecido como "The Camelô", que hoje ganha R$ 3.500 dando palestras motivacionais.

Ao final, os alunos montam em grupo um plano de negócios para as empresas que escolheram colocar no mercado.

MOTIVAÇÃO

Segundo o professor Wesley Marinho, que ministrou a aula no Campo Limpo, ao mesmo tempo em que os alunos têm carência de conhecimento, eles saem da aula motivados, sabendo que empreender é possível e querendo aprender mais.

Para Marinho, a maior dificuldade desse público está na organização financeira:

"Eles sabem fazer contas simples, mas não entendem a necessidade de colocar os números da empresa no papel. Ainda há uma descrença sobre a importância do planejamento."

Na avaliação de Wanderley Rodrigues, coordenador pedagógico do São Paulo Confia, o estímulo ao empreendedorismo na periferia pode trazer benefícios não apenas para o empreendedor, mas também gerar riqueza para toda a região onde ele mora.

"Às vezes a pessoa está desempregada, com idade avançada, mas sabe fazer um bolo. O curso dá instrumentos para transformar essa habilidade em uma fonte de renda", diz Rodrigues.

COM RESPONSABILIDADE

Alan Sebastião da Costa, 25, que pretende ter uma empresa de pintura, foi para a aula com o objetivo de aprender a se planejar para evitar erros antes de começar o seu projeto.

Depois de trabalhar como empregado em um carrinho de cachorro-quente e na construção civil, percebeu que seus amigos estavam indo bem cuidando do próprio negócio.

"As pessoas pensam que abrir a empresa é fácil, só ir lá e abrir. Mas tem imposto para pagar e muitas responsabilidades", diz ele.

Dono da empresa Multi-Service, que faz decorações em gesso, Alexandre Thiago, 35, diz que já passou por cursos técnicos no Senai e no São Paulo Confia.

Ele diz que sempre quis ter um negócio próprio. Já tentou atuar com transporte escolar e montar uma pequena empreiteira, mas as experiências não deram certo por falta de informação.

"A pessoa que não tem muito conhecimento mistura conta pessoal com a da empresa. Aprendi muito com esses cursos e com as experiências dos outros", diz.

Atualmente formalizado como MEI (Microempreendedor Individual), Thiago diz que seu próximo objetivo é transformar a Multi-Service em uma microempresa e contratar mais funcionários.


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