Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mercado

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

"Mercado de papéis de empresas é questão de tempo"

Para presidente da Anbima, alta dos juros não deve inibir as debêntures, que já começam a atrair pessoas físicas

Executiva diz que isenção de IR tornou títulos opção viável para investidor, mas falta regulamentação

CAROLINA MATOS DE SÃO PAULO

O aumento do juro básico, a taxa Selic, não deve atrapalhar a captação de recursos das empresas por meio de títulos (as chamadas debêntures), na avaliação de Denise Pavarina, presidente da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

Como têm mais risco que os títulos públicos, esses papéis também oferecem ao investidor retornos maiores que os da renda fixa do Tesouro.

Com a alta da Selic, os juros dos títulos públicos sobem, o que poderia inibir a emissão das debêntures.

Para Pavarina, que também é diretora-executiva do Bradesco, as medidas do BC para combater a inflação no país não levarão o juro a níveis altos como no passado.

No segmento de infraestrutura, o governo autorizou que 30 projetos, a maioria do setor elétrico, emitam debêntures com isenção de Imposto de Renda a pessoa física. Até agora, porém, apenas cinco deles acionaram o mercado, segundo dados da Anbima.

A seguir, leia trechos da entrevista exclusiva à Folha:

Juros e risco

Os investidores têm necessidade hoje de procurar ativos que ofereçam uma rentabilidade maior que a dos títulos do governo justamente em função do cenário de juros mais baixos que no passado.

Essa passou a ser uma busca não só de grandes investidores, como fundos de pensão, mas também de pessoas do segmento de alta renda.

E acredito que esse ambiente deva permanecer. Não vejo a Selic voltando aos níveis altos do passado, mesmo com o esforço necessário do governo de fazer um aperto monetário para controlar a inflação.

Infraestrutura

Sob o ponto de vista do emissor do título, é claro que um aumento de juros, ainda que pontual, retarda um pouco a decisão. Quando um projeto ainda não começou, a incerteza reforça a cautela.

Não acredito, porém, que haja mudança na perspectiva, pois existe no país uma necessidade gigante de financiamento de infraestrutura.

A iniciativa do governo de isentar de Imposto de Renda para pessoas físicas as debêntures de projetos de infraestrutura é um grande incentivo.

Até agora, o mercado de capitais não era uma opção óbvia porque os custos não eram competitivos. Só o BNDES, basicamente, supria como fonte de financiamento.

O mercado de capitais começa a ser mais um instrumento à disposição. É natural que leve um tempo até que ganhe impulso.

Ainda há muitos marcos regulatórios em processo de definição. Eles são decisivos, pois fornecem a segurança jurídica necessária aos projetos, que são de longo prazo.

Quem está fazendo um projeto quer saber quais são os limites, direitos e obrigações.

Mercado secundário

A partir do momento em que a procura por debêntures aumenta, começa a haver uma demanda que vai além dos vencimentos dos títulos, o que, naturalmente, fomenta o mercado secundário [de revenda desses papéis entre investidores].

A padronização do mercado é outro aspecto importante, para que não haja dúvidas dos investidores em relação a perfil e preço dos papéis. Esse trabalho tem sido feito. Também é importante ter um ambiente de negociação que dê transparência aos preços.

Para isso, a Anbima criou o sistema Reúne, já em funcionamento, em que as instituições associadas informam a negociação dos títulos privados até uma hora após a transação. A maioria desses títulos é negociada via Cetip e uma parte menor, via BM&FBovespa. Quanto mais os preços são divulgados, mais conforto as pessoas têm para negociar.

Oportunidades

Há no Brasil diversas oportunidades para projetos de infraestrutura, inclusive o trânsito nas grandes cidades.

A mobilidade urbana é questão crucial. O transporte público é uma dessas grandes oportunidades.

Há muitas possibilidades de investir, mas é preciso o alinhamento de alguns pontos, como política monetária, aparato regulatório e resposta do mercado. Estamos dando condições favoráveis a papéis que antes eram vendidos a um grupo muito pequeno.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página